A internet passou por diversas transições ao longo de sua história, desde os primórdios dos sites baseados em texto simples em terminais de computador até a internet como conhecemos hoje, com aplicativos complexos e até mesmo sistemas operacionais baseados inteiramente no navegador.

Uma etapa muito importante nessa transição, também chamada de web 2.0, foi o plugin Adobe Flash Player que por muitos anos dominou a internet como a principal forma de adicionar conteúdo multimídia em um website. Com o Flash, usuários desfrutaram de jogos, vídeos, players de música, ferramentas de design e muito mais.

Por outro lado, o programa sempre foi criticado por deixar os navegadores e computadores mais vulneráveis. Na verdade, o número de falhas de segurança encontradas no sistema Flash é assustadoramente alto, e por isso, diversos navegadores como o Chrome e Firefox já passaram a bloquear por padrão a extensão, embora ela ainda possa ser habilitada manualmente.

A Adobe já descontinuou oficialmente o programa, decretando 2020 como o último ano do Flash. Além disso, especialistas em segurança digital pedem que os usuários tenham ainda mais cautela com extensões no navegador, removendo plugins como o Flash e instalando outros dedicados à segurança e privacidade, como uma extensão de VPN para Chrome.

Agora o último prego no caixão do Adobe Flash chega na forma de uma atualização para o Windows 10, que removerá automaticamente qualquer traço do programa do computador e navegador Microsoft Edge.

Atualização do sistema

A atualização do Windows 10 que remove o Flash já pode ser baixada manualmente pelos usuários, mas entrará no sistema automático Windows Update em 2021, quando removerá o Flash de todos os computadores automaticamente.

A atualização chega de forma lenta e cautelosa pois muitos usuários, principalmente empresas com infraestrutura desatualizada, ainda usam ferramentas baseadas em Flash, e será necessária uma migração para alternativas modernas baseadas em tecnologias novas e seguras.

Para usuários do macOS, a própria Adobe também disponibiliza ferramentas para remoção do plugin, mas vale notar que em ambos os sistemas é possível que cada navegador tenha uma versão “embutida” do Flash que precisa ser desabilitada manualmente, como é o caso do Chrome e seus derivados.

Quais são as alternativas?   

Em seu ápice, era difícil imaginar uma tecnologia que fosse capaz de substituir todas as funções do Adobe Flash. O plugin era capaz de carregar elementos complexos até mesmo em conexões de internet discada, e suportava desde jogos complexos e interativos até simulações matemáticas e vídeos em codecs de boa qualidade.

Mas hoje em dia, diversas tecnologias são mais do que capazes de suprir a demanda de forma mais eficiente e com recursos mais adaptados para as necessidades modernas. O HTML5, por exemplo, faz parte de todo navegador de internet e permite a criação de jogos, animações e elementos interativos de forma integrada.

Já para programas de computador baseados em Flash, como é o caso de muitos sistemas de caixa de supermercado no Brasil, tecnologias como a Electron podem permitir que as tecnologias web como HTML e JavaScript criem um programa para Windows, Android e outros sistemas de forma simples e rápida, pronto para rodar até mesmo em computadores menos potentes.

É perigoso manter o Flash instalado?

A resposta direta é que sim, infelizmente, a arquitetura do Flash permite que diversos ataques sejam realizados em sua máquina. Além disso, diversas falhas de segurança perigosas sempre foram encontradas no programa, porém, a partir de 2020 as atualizações de segurança deixarão de existir.

É por isso que a recomendação é desabilitar o Flash imediatamente. Se você notar que algum serviço parou de funcionar por conta da remoção do programa, é uma boa oportunidade para buscar alternativas modernas, já que inevitavelmente será necessário substituir o Flash em poucos meses.

Esforços de preservação

Mesmo com tudo isso em mente, o Flash participou da vida de milhares de internautas. Verdadeiras obras de arte em animação, sites de pessoas que já não estão mais entre nós, e jogos que chegaram a rivalizar grandes produções para consoles correm o risco de serem perdidos para sempre em um ambiente sem o Flash.

Da mesma forma que curadores em um museu, comunidades online estão investindo no download e organização de todo o conteúdo Flash da internet, e programas estão sendo desenvolvidos para emular o Adobe Flash em um ambiente seguro, como é o caso do Flashpoint, e programas que convertem arquivos do Adobe Flash (.sfw) em HTML5 compatível com navegadores.

Essas soluções não são ideais do ponto de vista de performance e o futuro da computação, mas são uma excelente maneira de manter viva a história de um dos plugins mais importantes da internet mundial.  #ExpressVPN