Vendendo churros a R$ 1, mulher conclui faculdade

Moradora do DF também usa dinheiro para bancar escola dos dois filhos. Homenageada por professor, Maria Odete diz sonhar se tornar promotora.
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Depois de sete anos vendendo churros a R$ 1, uma moradora de Brasília realizou nesta terça-feira (13) o sonho de se tornar bacharel em direito. Maria Odete Silva, de 46 anos, trabalha 12 horas por dia para garantir o dinheiro, que também banca a escola dos dois filhos adolescentes e mantém a casa da família. Em meio a outros 80 formandos, ela foi homenageada por um professor e ganhou um anel de formatura de uma amiga.

A mulher, que chegou a passar por imprevistos ao longo do curso por dificuldades financeiras, já traçou novas metas. “Ainda tenho o sonho de conquistar a OAB e ir para promotoria. Assim que Deus me permitir, [vou] estudar mais três anos e chegar à tão sonhada promotoria”, diz.

Para ela, o sucesso só foi possível por ter acrescentado amor e carinho à receita tradicional do doce – que leva farinha de trigo, sal, margarina, açúcar e baunilha. O produto é vendido nos sabores goiaba, chocolate, doce de leite e misto.

O início não foi fácil. Maria Odete chegava a ir para a faculdade só para assinar chamada e então ir para a rodoviária para começar a vender os churros, para não deixar de ganhar dinheiro. Por vezes, funcionários da loja de calçados do irmão precisaram socorrê-la enquanto ela corria para fazer provas. Os estudos e exercícios eram feitos em um banco atrás do carrinho. Os livros eram todos da biblioteca. A mulher passou a contar com a ajuda do marido na venda dos 10 kg de churros fabricados por dia.

A mulher afirma que outra razão para insistir no curso foi a crença de que estudar liberta. “Você aprende muito, você cresce muito, você aprende a ver as coisas de outro jeito, abre sua mente. Sempre pensei isso, mas não tinha oportunidade. Pelo cansaço, sabe. Aí um dia pus na minha mente e pensei: ‘não, vou estudar agora’. Se eu não arranjasse esse agora logo, ele nunca viria. Fiz o EJA e pensei que era a minha hora de vencer.

Na plateia durante a formatura, a família estava orgulhosa. “Ela merece, é uma guerreira e estamos aí junto com ela”, disse o gerente comercial Marcos Dias. “Muito importante para ela. Ela conseguiu tantas coisas. Conquistou e foi muita luta, então foi bem legal isso aí para ela”, afirma a filha, Mayara Cristina da Silva. “É muito legal ver isso tudo que ela passou, que vem passando, e [ela] estar aí agora”, completou o filho, Marcos Dias Júnior.

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