Reportagem especial: marilienses superam desafios em peregrinação pelo Caminho da Fé

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"É inexplicável", afirma empresária que percorreu 135 km a pé ao lado do marido.

Você teria coragem de caminhar 135 quilômetros, a maior parte em "estrada de chão", com muitas subidas e descidas pois o trajeto é em grande parte de serra? Para muitos, isso poderia ser uma "atitude corajosa", principalmente no caso de quem não pratica nenhuma atividade física. Mas, para quem tem fé, vale a pena todo o esforço, como forma de agradecer a Deus pelas conquistas.

Foi assim que o casal mariliense Carolina e Roberto Baad relatou ao Visão Notícias a experiência de percorrer o conhecido Caminho da Fé, que fica entre o município de Paraisópolis (MG), passando pela Serra da Mantiqueira (são quase 45 km) até chegar a Aparecida do Norte. O Caminho da Fé existe há mais 20 anos e recebe peregrinos de todo o país.

Foram quatro dias de muitas dificuldades, mas ao mesmo tempo momentos de espiritualidade, de superação e de solidariedade que receberam de muitas pessoas. É o que iremos mostrar nesta reportagem especial.

Seria uma "loucura"?

A ideia de percorrer o Caminho da Fé foi de Roberto, que trabalha como técnico em Radiologia na Ultrarad e logo teve o apoio de sua esposa, Carol que é empresária. Eles pretendiam realizar esse desafio no ano retrasado, porém teve que ser adiado porque Roberto fraturou o pé durante uma pescaria.

Depois, Carol ficou com o seu tempo tomado com a reforma e inauguração de sua loja (Carol Baade Moda & Estética, localizada na rua das Roseiras, próximo ao supermercado confiança). Quando a empresa foi inaugurada, era o momento de agradecer a Deus por todas as conquistas.

Mas, conforme citamos no começo da matéria, Carol e Roberto não praticam atividades físicas (como corridas a pé ou de bicicleta) e percorrer 135 quilômetros a pé e num trajeto tão difícil, certamente seria mesmo uma "atitude corajosa". Mas, era o momento de colocar a fé "em prática".

Saída de Marília

Casados há 12 anos, eles deixaram um casal de filhos (de 8 e 6 anos) com os avós. Aproveitando o feriado do dia 1º de maio, viajaram por cerca de oito horas, de carro, de Marília até Paraisópolis, que fica a mais de 500 kms de distância. Na bagagem, duas mochilas com apenas algumas roupas (shorts e camisetas - iriam passar muito frio em Campos do Jordão), além de água e alguns alimentos.

Chegando em Paraisópolis, era o momento da peregrinação. Carol explica que quase todo o trajeto de 135 quilômetros é percorrido em estrada "de chão" (terra e pedra), com alguns momentos de asfalto, como em Guaratinguetá e e Campos do Jordão.

Os desafios do trajeto

Mochila nas costas e muita fé no coração, era o momento do casal iniciar o trajeto. Carol lembra que, como não estava acostumada a nem mesmo realizar caminhadas, logo no primeiro dia sentiu muitas dores na virilha (foto). Tanto que eles encontraram no caminho um grupo de ciclistas de Bauru e um deles falou uma frase que tocou no seu coração: 

"Se você tem fé, levanta no dia seguinte e vai".

E foi o que aconteceu. No dia seguinte a dor havia "sumido" e ela conseguiu caminhar os quatro dias sem aquele incômodo quase insuportável do primeiro dia. Mas, também ficaram as "marcas" desse desafio: os dedos dos pés, por exemplo, ficaram roxos, principalmente por ter que "brecar" nas descidas das serras.

Como não podiam levar muito peso nas mochilas, outra dificuldade enfrentada ocorreu em Campos do Jordão. Enfrentaram um frio de 7º, sem ter agasalhos, isso sem falar do trajeto que era desafiador por causa da serra.

Exemplos de superação e muito apoio

Durante o percurso, Carol e Roberto foram se deparando com muitos exemplos de superação, de fé e que serviram de "energia" para vencer o desafio. É o caso, por exemplo, de uma senhora de 75 anos que estava realizando a mesma peregrinação há três anos.

"Ela estava até na nossa frente", relata Carol para explicar o quanto é importante ter fé nesses momentos de desafio. Isso sem falar nos ciclistas bauruenses que prestaram apoio ao casal mariliense.

Carol e Roberto percorriam em média de 25 a 30 kms por dia. Como o Caminho da Fé já está sendo muito conhecido, existem pousadas nesse trajeto que oferecem pernoite, com jantar e café da manhã aos "desafiadores".

Isso sem falar de muitas pessoas que deixar suas casas para irem à beira da estrada ofertar água, isotônicos e frutas como forma de ajudar nessa peregrinação.

Valeu a pena!!!

O casal chegou em Aparecida do Norte por volta das 11h30 de sábado, após quatro dias de muita caminhada. Carol afirmou:

"Agradecemos a Deus por ter conseguido vencer esse desafio. Fizemos tudo isso em gratidão a Ele por tudo que nos tem dado".

Conheça o Caminho da Fé 

O Caminho da Fé, inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela (Espanha), foi criado para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os necessários pontos de apoio.

São cerca de 970 km, dos quais aproximadamente 500 km atravessam a Serra da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto, proporcionando momentos de reflexão e fé, saúde física e psicológica e integração do homem com a natureza.

O casal mariliense optou pelo trajeto "intermediário" de 135 km, mesmo porque precisavam retornar à cidade no fim de semana e também era a primeira experiência de romaria. 

Seguindo sempre as setas amarelas, o peregrino vai reforçando sua fé observando a natureza privilegiada, superando as dificuldades do Caminho que é a síntese da própria vida.

No Caminho o Peregrino aprende que o pouco que necessita cabe na mochila e vai despojando-se do supérfluo. Exercitando a capacidade de ser humilde, será possível compreender a simplicidade das pousadas e das refeições e ao mesmo tempo a integração cultural de seus habitantes com a dos peregrinos oriundos de todas as regiões do Brasil e de diferentes partes do mundo.

No vídeo, um dos momentos emocionantes: a receptividade das pessoas que moram nos vilarejos ao receberem os peregrinos:

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