Palhaça Paçokinha: mariliense faz trabalho voluntário animando crianças no RS

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Logo que chegou teve que fazer diversas tarefas e relata ao Visão Notícias as dificuldades enfrentadas.

Quem já foi à uma festa infantil ou evento envolvendo crianças, em Marília e região, já deve ter encontrado essa personagem: a palhaça Paçokinha. Há mais de 20 anos, ela trabalha em circos, parques, carreta da alegria, festas e eventos. Atualmente tem um espaço infantil no pesqueiro do Gato ("Super Play Kids").

Mas, após ouvir um áudio nas redes sociais, de que crianças tinham se separado dos pais, por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, resolveu literalmente "largar tudo". Rumou às cidades gaúchas com um só objetivo: trabalhar como voluntária, buscando dar um pouco de alegria à esses pequeninos que tanto sofrem, amontados em abrigos.

Acompanhe a "missão alegria" da jovem mariliense Karen Camargo Grejo, a palhaça Paçokinha que relata as dificuldades enfrentadas antes, durante a viagem (de moto com este frio!) e atualmente já em solo gaúcho, onde está pegando no pesado até atingir o seu principal objetivo: ajudar as crianças.

Ser voluntária: sonho antigo

O sonho de ser voluntária em situações de tragédias, com objetivo de ajudar crianças, não é de hoje, explica Karen, uma jovem com 30 anos e muito espírito de garra.

Em 2019, na tragédia de Brumadinho (MG), o rompimento da barragem, soterrando com 13 milhões de metros cúbicos de lama tóxica tudo o que encontrava pelo caminho: pessoas, animais, florestas e casas, ela queria estar lá.


Ela sabia que centenas de crianças precisavam um pouco de carinho, atenção e quem sabe momentos de alegria, em meio à toda tragédia, com mais de 270 mortos. "Fiz de tudo para ir, mas não tive condições", lamentou.

Ela teve que esperar cerca de cinco anos e meio para colocar esse sonho em prática. Foi ao relato dramático de pessoas sobre crianças que foram socorridas das enchentes e separadas dos pais, vivendo em abrigos. Isso mexeu novamente com a palhaça Paçokinha e não poderia mais ficar inerte.

Viagem de moto e no frio!

Karen conseguiu uma moto emprestada (teve que fazer seguro) e na madrugada da última terça-feira (dia 28) saiu de casa, em Marília, sozinha, com destino inicialmente à cidade de Canoas, numa distância de 1.300 km. Além do perigo das estradas, ela enfrentou muito frio:

"Tinha hora que meu corpo tremia inteiro. Eu não estava com roupa apropriada. Não tinha muito espaço na moto. Então trouxe poucas roupas pois precisava de espaço para trazer as coisas para as crianças".

Após dois dias na estrada, finalmente conseguiu chegar ao seu destino. Mas, a expectativa de que, ao chegar já iria se incorporar à sua personagem, logo percebeu que teria que esperar um pouco, devido a uma realidade diferente. Encontrou Canoas totalmente devastada e os moradores tentando reconstruir o que perderam principalmente agora que as águas estão baixando.

Todos estavam trabalhando e quase não deram atenção à sua missão. Tanto que nos primeiros dias resolveu se juntar à legião de outros voluntários, inclusive cuidando dos animais resgatados (só em um abrigo estão 130 deles).

Isso sem falar do trabalho pesado de ajudar as famílias indo de casa em casa. Quebrou paredes (foto), encheu carriolas e tudo mais que aparecesse pela frente, tamanha a necessidade daqueles moradores que perderam tudo por causa da enchente

Palhaça Paçokinha em ação!

Aos poucos, porém, foi se adaptando e constatou que não poderia "abandonar" a sua verdadeira missão: animar as crianças que ainda estão vivendo dos abrigos. "Elas passam o dia sem fazer nada. Não tem nem uma bola para brincar. As famílias perderam tudo mesmo", desabafa.

Ela teve uma ideia: conseguir uma cama elástica de algum local de eventos (já que tudo está parado), mas só nesta tarde é que finalmente conseguiu uma parceria. Encontrou o policial militar Adriano Zilli, com quem fez uma grande amizade e ficou sabendo que ele (ao lado de um amigo) resgatou mais de 500 pessoas nos primeiros dias da tragédia no Rio Grande do Sul (foto).

Nas horas de folga, Adriano tinha uma pequena empresa de locação de brinquedos para festas, mas acabou perdendo tudo na
s enchentes. O encontro entre eles ocorreu no momento em que estava limpando o barracão.

Emocionado com a preocupação de "Paçokinha" com as crianças gaúchas, ele decidiu doar o pula-pula que vai ser restaurado (foto), além de outros brinquedos com objetivo de dar um pouco de alegria à quem vive momentos de angústia. Confira no vídeo abaixo.

Um dos maiores problemas que ela passa a enfrentar, a partir de hoje, é não ter um carro para transportar todo esse material até aos abrigos. Só lembrando que ela viajou ao RS de moto e, além disso, em Canoas e outras cidade boa parte dos veículos foram destruídos. 


Aliás, quem puder contribuir financeiramente com o trabalho voluntário da palhaça Paçokinha, pode realizar doações através da chave Pix (14) 99895-5844.

Mesmo assim, Karen está muito feliz e acredita que poderá finalmente "entrar em ação". Seu objetivo é percorrer todos os abrigos, inclusive em outras cidades mais afetadas pelas enchentes. A "missão alegria" deve durar pelo menos três semanas:

"Minha intenção aqui é ficar dois dias em cada alojamento fazendo um trabalho com as crianças escultura com balão pintura facial tatuagem gincanas brincadeiras atividades de colorir etc. Eu também doei um pula-pula e uma máquina de algodão doce Que se tudo der certo vai vir de caminhão semana que vem".

O Visão Notícias já mostrou o trabalho voluntário de dois médicos veterinários mariliensesRodrigo Arsênio de Souza e Heitor de Almeida Waiss, que resgataram e ajudaram a cuidar de muitos animais (trouxeram a cadelinha "Canoas" na bagagem de volta - foi adotada).

Mas, também neste caso os relatos são de extremas dificuldades e, por isso, as pessoas de todo o país precisam continuar ajudando o povo gaúcho.

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