O Núcleo Técnico de Saúde Mental, órgão vinculado à Secretaria Municipal da Saúde, promove o programa Ação Papageno Mariliense, com o objetivo de reduzir o número de casos de suicídio no município, divulgando os Centros de Atenção Psicossocial existentes em Marília.
O Efeito Papageno refere-se à influência positiva que os relatos de enfrentamento saudável do sofrimento psíquico têm sobre outras pessoas, especialmente aquelas em risco de suicídio. Ele mostra que compartilhar histórias reais e esperançosas pode encorajar quem está em crise a buscar apoio e descobrir alternativas à ideia de tirar a própria vida.
Segundo o Núcleo de Saúde Mental, o Papageno na prática foca em possibilidades de ajuda e tratamento, na valorização da escuta e a empatia; dando visibilidade a trajetórias de recuperação; evitando romantizar o sofrimento, além de incentivar o diálogo aberto sobre saúde mental.
“A ação busca ampliar o apoio da mídia e imprensa mariliense para acolher, divulgar e inspirar a superação do sofrimento mental, ao compartilhar casos que superaram a dor através do apoio recebido da rede de apoio familiar e comunitária de pessoas que passaram por intenso sofrimento psíquico e do cuidado em saúde mental oferecido pelos profissionais especializados, especialmente das equipes multiprofissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como alternativa ao suicídio”, destaca a responsável do Núcleo Técnico de Saúde Mental, Adriana Magali Dezotti Batista.
“Existe vida, depois da dor”
Para colaborar com a Ação Papageno, a mariliense Larissa Costa (foto) tem compartilhado sua história de vida e ajudado na abordagem do tema, incentivando a superação. Confira seu o depoimento:
“Hoje sou Neuropsicanalista, mas antes de chegar até aqui, percorri um caminho intenso, doloroso e profundamente transformador. Minha história pessoal me levou à missão de ajudar outras pessoas a cuidarem da mente, transformarem suas relações e resgatarem o amor pela vida, porque, um dia, eu mesma precisei fazer isso por mim. Durante um período da minha vida, fui consumida por uma dor emocional profunda. Tive episódios graves de depressão, crises de pânico e uma ansiedade tão intensa que a dor deixava de ser apenas mental e se manifestava fisicamente. Eu me sentia sufocada. E, quando essas crises vinham com força, o desespero era tamanho que eu só conseguia pensar em uma saída: morrer. Passei por diversas tentativas de suicídio. E o que doía ainda mais era o que vinha depois: o arrependimento, a culpa, a vergonha por ter tentado tirar minha própria vida”.
Segundo Larissa Costa, a falta de compreensão das pessoas atrapalha o tratamento:
“Era difícil explicar o que eu sentia, e muitas pessoas ao meu redor não compreendiam. Achavam que era exagero, fraqueza ou falta de vontade. Isso me fazia sentir ainda mais sozinha. Por várias vezes, ouvi falas ofensivas e maldosas a meu respeito, justamente de pessoas que eu considerava amigas. Mas, na verdade, elas não estavam minimamente interessadas em entender o que se passava comigo. Julgavam sem saber, criticavam sem empatia”.
E finaliza:
“Hoje, cuido da minha saúde emocional não apenas por necessidade, mas por amor. Minha história não é só sobre dor. É sobre superação. E eu compartilho porque sei que muitas pessoas ainda se sentem sozinhas. Pensam que é fraqueza sofrer, que é errado pedir ajuda. Mas eu sou prova viva de que buscar apoio é um ato de coragem e que existe, sim, vida depois da dor. É possível se reconstruir. É possível transformar a dor em força e até em missão. Ninguém precisa passar por isso sozinho”.
Rede de apoio para acolhimento
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços especializados do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, voltados para o atendimento de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.
O tratamento nos CAPS é considerado fundamentado na atenção psicossocial, ou seja, um cuidado que considera a pessoa em sua totalidade, incluindo aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e familiares.
Em Marília, existem três unidades: CAPS Com Viver, CAPS Catavento e CAPS Girassol. Em breve, o município vai contar também com uma nova unidade do CAPS III 24 horas, que será instalada na zona Sul da cidade, no bairro Nova Marília III.
Confira abaixo os serviços para acesso à rede de apoio para a crise em saúde mental, disponíveis em Marília:
- CAPS Catavento: atende crianças e adolescentes com sofrimento mental grave e persistente, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Rua Alcides Nunes, nº 1100, Parque São Jorge. Telefone: (14) 3451-1660;
- CAPS Com Viver: atende adultos e idosos com sofrimento mental grave e persistente, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Rua: Marquês de São Vicente, nº 322, Jardim Maria Izabel. Telefone: (14) 3434-2037;
- CAPS- Girassol (HC-Famema): atende adolescentes e adultos com sofrimento mental decorrente do uso de álcool e drogas, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Avenida Santo Antônio, nº 1669, Centro. Telefone:(14) 3434-2518
- UPA Norte: Rua João Caliman, 110, Parque das Nações. Telefone: (14) 3316-2237
- UPA Sul: R. Antônio Pereira da Silva, 288 - Hipica Paulista. Telefone: (14) 3451-4551
- Pronto Socorro do HC-FAMEMA para casos de urgências em saúde mental, com plantão 24h;
- SAMU (192), em situações de emergências psiquiátricas.
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