Debora Machado de Souza ficou grávida do marido só depois que ele havia morrido. A confirmação da gestação veio no dia em que ele completaria 50 anos. As gêmeas nasceram um ano depois da partida dele, no mesmo mês do óbito. E elas são a cara do pai.
O sonho do casal, que foi levado adiante por ela só foi possível porque o sêmen de Marco Aurélio tinha sido congelado, uma medida para preservar a fertilidade diante do tratamento de câncer. Ele também deixou autorização para uso do material genético. "Eu fiz uma coisa por amor. Sei que ele ficou muito feliz", conta a dona de casa de 31 anos, que recusa o título de "guerreira" que lhe deram pessoas que conhecem a história.
Tudo foi feito com planejamento, consciência e tendo as condições financeiras necessárias para criar Maria Alice e Maria Victoria. Mas também foi feito "por impulso", no sentido de não saber se havia questões legais sobre a possibilidade de usar os gametas do marido após a morte dele. O único desejo era tornar reais as conversas que tinham sobre qual seria o nome do bebê e como fariam a festa de aniversário de 1 ano.
No Brasil, são raros os casos de reprodução assistida post mortem e não há legislação sobre o tema. O que existe é um projeto de lei (1.184/2003), sobre a utilização de gametas de maneira póstuma desde que haja aval prévio para isso. Mas o PL ainda aguarda parecer na CCJ da Câmara dos Deputados.
Procuração
"Foi por impulso, eu não sabia se podia ou não. Meu marido devia saber porque era advogado, tomava conta das partes burocráticas. Quando a médica disse que eu precisava da procuração, fui procurar nos documentos da clínica e estava lá no contrato. Ele tinha deixado (assinado) com firma reconhecida", relata Débora.
O casal resolveu congelar o sêmen de Marco antes de ele iniciar a quimioterapia por causa de um câncer que havia começado no intestino e se espalhado para o fígado. Porque o tratamento seria mais agressivo, as chances de prejudicar a fertilidade eram altas, então o médico indicou a preservação dos gametas.
Nos dois anos anteriores, Debora e o marido tinham tentado engravidar, até por uma fertilização in vitro que não progrediu. Em novembro de 2017, o material genético dele foi coletado e congelado. No dia 27 daquele mês, a saúde do advogado piorou - ele morreu dia 8 de dezembro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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