A defesa da médica Juliana Brasil afirma que ela só reconheceu erro "no calor do momento" após a morte do menino Benício Xavier, de seis anos, ocorrida neste fim de semana, em um hospital particular de Manaus. Mas, sustenta que a prescrição de adrenalina intravenosa registrada no prontuário foi resultado de uma falha do sistema do Hospital Santa Júlia.
De acordo com a família, o menino foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Benício foi atendido por uma médica que prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos. A família (foto) garante que chegou a questionar uma técnica de enfermagem sobre a aplicação ao ver a prescrição. Logo após a primeira dose o menino já teria apresentado piora súbita.
A equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica foi acionada para iniciar o monitoramento cardíaco. Ele foi transferido para a UTI, onde foi intubado e sofreu as primeiras paradas cardíacas. Após seis paradas, acabou morrendo.
Ação da adrenalina - A adrenalina age de forma rápida e tem efeitos potentes no coração, nos vasos sanguíneos e no sistema respiratório. O principal uso da adrenalina venosa em emergência é em casos de parada cardiorrespiratória. Já a inalatória age nas vias aéreas e tem menor absorção sistêmica.
O que alega a defesa
Os advogados da médica apresentaram um vídeo que, segundo eles, demonstra problemas na plataforma de prescrição utilizada pela unidade.
Segundo eles, Juliana Brasil (foto) teria registrado adrenalina por via inalatória, mas o sistema teria alterado automaticamente para a via intravenosa durante o atendimento, em meio a instabilidades enfrentadas pelo hospital naquele dia.
Os advogados afirmam que essa mudança não foi percebida pela médica e insistem que falhas estruturais da unidade contribuíram para o agravamento do quadro do menino.
O vídeo apresentado mostra a navegação dentro da plataforma e, segundo os advogados, evidencia que o sistema pode modificar vias de administração sem intervenção do profissional.
Investigações
A Polícia Civil do Amazonas informou, por meio de nota, que as investigações sobre a morte encontram-se em andamento, a fim de apurar as circunstâncias do fato. Além disso, destacou que mais informações não podem ser repassadas para não atrapalhar os trabalhos policiais.
Em nota, o Hospital Santa Júlia informou que fará uma análise técnica detalhada de todas as etapas do atendimento, conduzida pela Comissão de Óbito e Segurança do Paciente.
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