Recusa foi gravada em vídeo e caso vai parar na polícia.
No Dia Nacional da Acessibilidade (celebrado no dia 5 de dezembro), o presidente da Associação dos Surdos de Marília, Johnny Gomes Kucko, viveu literalmente "na pele" as dificuldades que muitas dessas pessoas enfrentam no dia a dia: ele acusa um médico da UBS Chico Mendes de negar a ajuda de um intérprete, via chamada de vídeo, durante atendimento ao seu pai, que também é surdo. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil que deve apurar o caso.
De acordo com o relato, Johnny esteve ontem na Unidade Básica de Saúde Chico Mendes, localizada na zona oeste, levando o seu pai, idoso, para uma consulta médica. Como ambos são surdos, quando estavam na presença do médico que não compreendia a língua de sinais, Johnny faz uma ligação de vídeo via WhatsApp para um amigo que sempre lhe ajuda, atuando como intérprete, para que pudesse ajudar a transmitir informações sobre os sintomas do seu pai.
Médico não aceitou...
Mas, para surpresa de todos, o médico se irritou, negando a conversar com o intérprete por chamada de vídeo, exigindo que ele estivesse de forma presencial. "Eu trabalho e muitas vezes é impossível estar presente em todas as situações. Foi o que aconteceu ontem", lamentou o intérprete que pediu para não ter o nome divulgado.
"O que deixa a gente ainda mais indignado é que a Prefeitura mantém uma central de chamada em Libras na Secretaria de Direitos Humanos. Portanto, o médico deveria ter feito o contato com a central ou pedir para algum funcionário fazer a chamada. Assim tudo estaria resolvido sem a necessidade dos pacientes passarem por essa situação", observou.
Ao final, o médico fez uma prescrição médica baseando-se nas informações que foram passadas pela enfermeira que fez a triagem.
Caso na polícia
Diante dessa situação, Johnny Gomes Kucko esteve na Central de Polícia Judiciária, onde registrou um boletim de ocorrência relatando toda aquela situação enfrentada na UBS Chico Mendes.
Boletim de ocorrência registrado na CPJ relata a situação enfrentada pelo presidente da entidade que representa os surdos em Marília.
Seu objetivo é que sejam tomadas providências para que fatos semelhantes não ocorram tanto com ele como outras pessoas que também são surdas (em Marília, estima-se que são cerca de 3 mil habitantes).
Muitos problemas
Johnny Gomes Kucko (foto) afirma que o problema que ele enfrentou na Unidade de Saúde não é um fato isolado e muitos deficientes auditivos (em Marília são cerca de 3 mil) também passam por dificuldades no dia a dia.
Tanto que, como presidente da entidade, manteve contato com candidatos a prefeito nas últimas eleições entregando uma proposta, entre elas a incorporação de Libras em serviços públicos, privados e comércio, por meio de algum profissional que seja capacitado.
Outro lado - O Visão Notícias procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura. Mas, até a publicação da reportagem nenhuma nota oficial havia sido divulgada sobre a atuação do médico durante o atendimento na UBS Chico Mendes.
Veja o vídeo do diálogo entre o médico e o intérprete, durante a chamada de vídeo:
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