Maternidade e médica condenadas por morte de bebê em Marília aceitam pagar indenização

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Mãe desabafa: "até hoje tenho sequelas, a dor vive em mim, eu aprendi a conviver com a dor para sobreviver à tudo isso".

Após sete anos de batalha judicial, com sentença e recursos, a Maternidade Gota de Leite e uma médica ginecologista aceitaram fazer um acordo e pagar uma indenização judicial, por dano moral, no processo em que já haviam sido condenadas pela morte de uma bebê em Marília. A instituição não quis se manifestar e a médica não foi localizada.

O fim do processo, com pagamento de indenização, não diminuiu a dor da mãe, a Operadora de Telesserviços, Ester Fraidember Rodrigues. "...até hoje tenho sequelas, a dor vive em mim, eu aprendi a conviver com a dor pra sobreviver à tudo isso", desabafou ao reafirmar que mantém o seu desejo de justiça, já que outro processo está tramitando na esfera criminal.

Entenda o caso

Ester Fraidember Rodrigues mora com o atual marido e mais quatro filhos no bairro Parque das Nações, na zona norte da cidade. Após dois filhos do primeiro casamento, ela casou-se novamente. Em 2018, realizava o sonho do marido, Israel Lucas, de ser pai pela primeira vez. 

"Meu esposo não tinha filhos, era o sonho dele ser pai. Planejamos engravidar depois de seis anos. No mês seguinte, eu já estava grávida dela. Foi uma bebê muito planejada e estava tudo pronto pra chegada dela", lembrou Esther (foto), em entrevista ao Visão Notícias.

Mas, quando já estava no nono mês de gravidez da filha Eloísa, no dia 8 de outubro de 2018 fez uma consulta médica numa unidade de saúde e foi encaminhada para avaliação na Maternidade Gota de Leite. No hospital, foi atendida pela atendida pela médica que, logo depois, a liberou.

Esther conta que, depois disso, retornou mais três vezes à Maternidade Gota de Leite, sendo que na última ocasião sentia muitas dores, contrações e perda de líquido vaginal. Mesmo assim e sem levar em conta que era uma gravidez de risco (por causa da obesidade e diabetes), a médica decidiu mandá-la novamente de volta para casa.

No dia 20 de outubro, a placenta da gestante se rompeu, apresentando uma secreção esverdeada e, ao procurar novamente a maternidade Gota de Leite "já era tarde e sua filha já não estava viva", relatou a juíza Angela Martinez Heinrich, da 5ª Vara Cível de Marília, em sua sentença.

A juíza acrescentou ainda que "a profissional não realizou um adequado controle de vitalidade fetal e não encaminhou a paciente para o Hospital para que houvesse um tratamento adequado. Assim, verifica-se que a conduta da médica não foi adequada, pois somente tomou as medidas prescritas no primeiro atendimento".

Sobre o acordo judicial, a assessoria de imprensa da Maternidade Gota de Leite informou que "não tem nada a declarar quanto a este assunto ocorrido sete anos antes e já acordado entre as partes". O Visão Notícias tentou localizar a médica envolvida no processo,
 tanto no HMI como na maternidade (onde ela trabalha).

Defesas das acusadas

Durante sete anos, o caso permaneceu em andamento na justiça, com os advogados das vítimas e das acusadas (Maternidade e médica) se revezando em recursos e apelações. Em sua defesa, a médica alegou que havia orientado a paciente a procurar internação (no hospital Materno-Infantil - HMI), no caso de qualquer ocorrência "o que não fez, sendo sua responsabilidade os fatos ocorridos". 

A mesma justificativa foi apresentada, no processo, pela Gota de Leite, ou seja, de que Esther não procurou o HMI e ainda que "o atendimento médico (realizado na maternidade) foi adequado e de acordo com os protocolos de medicina, pois não havia trabalho de parto, tampouco indicação de cirurgia".

Depois de toda essa batalha judicial,  Esther e o seu marido, Israel Lucas (foto), assinaram um acordo judicial para receber o valor da indenização e, com isso, encerrar o processo cível, conforme explicaram os advogados do casal, Keverson Rodrigo da Silva e Rabih Sabi Bener.

A dor pela perda da filha

"O sofrimento que eu vivi, a dor que eu senti, é desumana, eu não consigo descrever com palavras a dor que é, vc segurar sua filha perfeita nos braços sem vida. Fui ao fundo do poço, vegetei por 21 dias, sem comer, sem beber, numa depressão profunda que até hoje tenho sequelas, a dor vive em mim, eu aprendi a conviver com a dor pra sobreviver à tudo isso", desabafou Esther.

Ela teve mais dois filhos após a morte da pequena Eloísa, porém a sua dor continua. A lembrança da filha também está no seu corpo, ao fazer uma tatuagem (foto).

Mesmo após o acordo judicial que pôs fim ao processo na esfera cível, Esther Fraidember Rodrigues pretende prosseguir com o caso ainda prossegue no processo criminal. "Eu vou buscar por justiça até eu parar de respirar", afirmou.

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