Mãe adota criança trocada pelo filho na maternidade

Justiça permitiu que mulher ficasse com o filho biológico e o trocado.
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Há dez anos, a dona de casa Rita Ribeiro da Silva, moradora na cidade de Votorantim teve o bebê trocado na maternidade por outro e, após descobrir o engano, não aceitou devolver a criança que já vinha criando.

Desde o começo, o coração de mãe não se enganou. Ela brigou na Justiça até o fim e ficou com os dois. 

Na época em que a troca de bebês veio à tona, a história dos dois foi destaque na imprensa. Em junho de 2004, Rita deu à luz Vitor Hugo Ribeiro, mas, devido a um engano de funcionários da Santa Casa, saiu do hospital com Giuliano. A diferença de traços e cor de pele dela e do marido em relação ao bebê era gritante, mas o hospital garantiu que não havia engano.

"Eu via que ele era diferente de nós. Voltei para casa sentindo que não era meu filho que eu estava levando", relembra a dona de casa.

Mas a confirmação demorou para sair. Foi só durante uma visita a um parente na Santa Casa, meses depois, que a confusão começou a se resolver. Conversando com uma enfermeira, ela comentou o assunto e, diante da gravidade da suspeita, a funcionária levou o caso ao diretor do hospital, que chamou Rita para conversar e ofereceu um teste de DNA.

A mãe biológica de Giuliano foi contatada e, com o DNA em mãos, o hospital sugeriu que as mães destrocassem as crianças, mas Rita se recusou.

"Eu estava amamentado o Giuliano, e o Vitor não estava sendo amamentado. Eu não podia tirar o bebê do peito de uma hora para outra. Além disso, o Vitor estava com vários bernes pelo corpo e cheio de piolhos. Eu não ia entregar uma criança que estava sendo bem cuidada para ela ficar nesse estado. Era forte o que eu sentia. Me apaixonei por esse 'gordinho'", conta, referindo-se com carinho a Giuliano.

O caso foi levado para a Justiça, que também determinou que os bebês fossem destrocados. Novamente, Rita se recusou e manifestou a vontade de ficar com os dois. 

Segundo ela, a mãe biológica de Giuliano chegou a morar com a família de Rita por duas semanas, mas, por fim, abriu mão do filho. Os bebês já estavam com nove meses quando viraram oficialmente irmãos.

Hoje, Vitor e Giuliano vivem com Rita e três irmãs em uma casa de madeira composta por dois cômodos. Mas a simplicidade do ambiente não tira a alegria dos meninos. "Não importa o que aconteceu, ela é minha mãe. Ela batalhou por mim e conseguiu ficar comigo", diz Giuliano.

O pai dos meninos morreu há quase cinco anos, em um acidente durante uma pescaria no rio Sorocaba. Para poder cuidar dos cinco filhos – as meninas têm 14, 13 e 7 anos – Rita não trabalha e sustenta as crianças com uma pensão de pouco mais de R$ 1,4 mil deixada pelo marido, que trabalhava como pedreiro em uma construtora.

Indenização
Diante de todo o sofrimento de Rita e dos bebês, a Santa Casa e a Prefeitura de Votorantim foram condenadas a pagar indenização por danos morais.

Rita teve a decisão a seu favor e em valores corrigidos, Rita deve receber R$ 188 mil por danos morais e R$ 84 mil pelos 69 meses de pensão acumulados, desde que Giuliano nasceu, totalizando R$ 272 mil.

Questionada sobre o destino do dinheiro, a dona de casa tem a resposta na ponta da língua: "Vou comprar uma casa, dar um lugar melhor para meus filhos morarem, para que eles possam viver com dignidade, crescer com conforto".

Fonte G1

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