A francesa D. L., de 26 anos, morou por pouco mais de um ano em São Paulo, trabalhando em uma multinacional com um contrato que iria até o fim de março. Após voltar das férias na França, descobriu que estava grávida de um relacionamento casual e decidiu abortar em seu país.
No dia 29 de janeiro, quando estava grávida de seis semanas, a jovem contou sua história ao G1 com a condição de não ser identificada e de que a reportagem só fosse publicada após sua saída do Brasil, em meados de fevereiro. Já na França, ela disse que a interrupção da gravidez foi feita e que está bem de saúde.
A francesa D.L. chegou a considerar se submeter ao procedimento ilegalmente no Brasil, mas preferiu voltar para o seu país dois meses antes do previsto para passar pela cirurgia no sistema público de saúde local.
"Descobri que estou grávida há dez dias, mas parece que passou um século, de tanta coisa que já aconteceu. Tenho um relacionamento regular com um francês, mas não é um namoro: a gente fica junto quando estou lá. É uma história bem nova. Não tomo pílula porque o hormônio me faz mal, então sempre usamos preservativo, mas uma única vez ele estourou e aí aconteceu.
Quando contei, ele me perguntou: “Como você se sente? O que quer fazer”. Disse que a gente daria um jeito se eu quisesse continuar a gravidez, mas quando falei que não queria, ele achou que era a coisa certa para mim, para ele e para o bebê.
Foi uma escolha muito difícil, mas não tenho um trabalho estável, não tenho meu apartamento, não tenho um namorado. Eu preciso de uma estabilidade, não posso dar a vida a alguém quando minha vida não é estável.
"Como aqui o aborto não é legal, é um sentimento de que preciso me esconder. Isso é superdifícil.
Sabia que o aborto era proibido no Brasil, mas não pensei que isso ia me afetar em algum momento. Acho que a razão principal é a religião, mas uma coisa que não entendo é que ao mesmo tempo aqui você pode casar, separar, casar, separar, sendo que o casamento é um dos principais sacramentos católicos."
INSTINTO MATERNO: "Sempre quis ter filhos e pensava nisso para um futuro mais distante, Agora mudei e acho que quero ter um pouco mais cedo, daqui a uns dois anos. Hoje, mesmo estando grávida há tão pouco tempo, já fico pensando em como poderia ser daqui a 9 meses."
"Só que realmente não é o momento certo para mim nem para ele. Ele chegaria ao mundo com uma mãe que não tem emprego, apartamento, que não estava segura de ficar com ele ou não".
MEDO DO ARREPENDIMENTO: "Não foi uma escolha fácil e sei que vou pensar nisso para sempre. Falei com amigas que já fizeram e elas falaram que você não esquece."
"Tenho medo, claro. Espero que daqui a dois anos possa ter um bebê, tenha essa facilidade. Como toda escolha, tem um lado que me deixa triste. É difícil esconder de todo mundo num momento em que você precisa ser entendida. Mas sei que fiz a escolha certa."
Fonte G1
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