Com ajuda de um ex-aluno, ela compartilha nas redes sociais um pouco de sua luta e incentivar outros pacientes.
Quem vê, pela primeira vez, as fotos da professora Francisca Trajano da Silva, de 48 anos, moradora no distrito de Rosália, nas redes sociais, não imagina os sofrimentos e a busca pela superação, após ser diagnosticada com dois cânceres de mama. Já são 18 anos de tratamento, no setor de oncologia da Santa Casa de Marília, com os chamados "altos e baixos" dessa terrível doença.
Fran, como gosta de ser carinhosamente chamada, decidiu enviar, ao Visão Notícias, um relato dos principais momentos desse período, em virtude deste mês ser lembrada a luta contra o câncer de mama, no chamado "Outubro Rosa" que visa incentivar principalmente mulheres a realizar o exame preventivo.
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, incluindo o Brasil, principalmente após os 40 anos. Em 2021, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença em nosso país.
Conheça a Fran
Fran é professora estadual na comunidade do jardim Primavera, do bairro Santa Antonieta. Ela foi convidada por outra colega de trabalho, a professora Maria Luiza Toloi, para dar um depoimento da minha luta na aula de projeto de vida aos alunos dos 9° anos.
"Foi muito bom. Os alunos ficaram surpresos por saber da minha trajetória, enfim amaram e me deram até bilhete com mensagem de apoio", afirma. As superações na vida de Francisca são muitas.
"Tragédias" na sua vida
Em janeiro de 1995, em pleno ano novo, ela perdeu o irmão (Luiz), vítima de afogamento. Três anos depois, sua mãe morreu por causa da doença de chagas.
Mas, ainda era "pouco" na sua vida. No final de outubro de 2003, descobriu que estava com o primeiro câncer de mama. No final daquele ano, passou pela primeira cirurgia de urgência, que durou cerca de seis horas, porque os tumores estavam aumentando.
O seu namorado a abandonou, após quatro anos de relacionamento. Ela tinha planos de casamento, inclusive com casa e moveis comprados.
"Na verdade quando eu contei a ele sobre a doença ele começou a se distanciar de mim, alegando que a família não queria mais o nosso namoro devido a doença porque ela não tinha cura e que eu já estava morrendo . ...e nunca mais me procurou.", relatou Fran.
Ela ainda teve outro relacionamento, em 2006, mas novamente decepção: era casado. "Fiquei muito mal comecei a ter medo de tudo e a depressão voltou. Eu fiquei internada, nada tinha graça queria morrer.", acrescenta.
Era "pouco? Não!
Fran com o ex-aluno, Enzo Eduardo Tucunduva Lopes, responsável pelas postagens nas redes sociais.
Para quem está acompanhando esse relato, logo vem a ideia de que tudo iria mudar, um "final feliz". Não é bem assim.
Em 2017, foi diagnosticada novamente com câncer de mama no outro seio.
Teve que passar pelo mesmo procedimento, contando com apoio do médico mastologista, Wellerson de Aguiar Miranda, que nunca desistiu do seu caso e com quem faz acompanhamento até hoje.
No ano seguinte perdeu outro irmão, vítima de acidente de carro na vicinal de Rosália.
"Foi outro baque, voltando a depressão tudo de novo. Foi o carinho dos familiares, amigos, colegas de trabalho e sobretudo muita fé em Deus para prosseguir". Mais tristeza: em janeiro de 2021 perdeu o seu pai, vítima de infarto.
Onde está a superação?
Fran ainda foi muito humilhada quando estudava no "primário" porque pertencia à uma família humilde, pobre e que morava na zona rural.
"Fui muito humilhada, debochada, chamada de filha de caipiras, jacu do sitio... Só que o tempo passou. Hoje sou formada em Educação Física por esforço meu mesmo. Consegui me formar porque eu trabalhei na indústria Bel chocolates e eu agradeço a Deus. Tenho orgulho de ser filha de caipiras porque eu vi que dinheiro algum compra caráter , humildade e honestidade".
"Apesar de tudo que eu passei e estou passando, me considero uma vitoriosa e exemplo para outras pessoas.Tem dias que é só por Deus mesmo tanta tristeza tanta saudades dos entes que partiram. Eu enfrento dois leões dentro de mim diariamente e escolhi alimentar um com oração e energia positiva", relata.
E acrescenta: "fico pensando de onde é que vem tanta força para suportar tudo isso a minha história não acaba aqui não ela dá um livro. Fiz um resumo em prantos: "sozinhas somos pétalas; unidas somos rosas".
Apoio de uma colega
Francisca Trajano da Silva não está sozinha nessa luta de 18 anos. Como citamos acima, ela conta com sua colega de profissão, Maria Luiza Toloi (foto), nessa luta pela vida.

A professora nos enviou um breve relato sobre toda essa história: "ela tornou-se uma incentivadora da competência leitora dos alunos. Tem muita força, tem fé e é empática. Sua história de vida é fonte de inspiração à muitas mulheres e a todos que se deparam com obstáculos que, às vezes, nos parecem intransponíveis".
"Sempre desenvolvemos juntas atividades de Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil e outras. Neste ano, o Outubro Rosa foi muito interessante com a narração da história de vida dela. Não é sempre que ela se expõe e, os alunos ficaram comovidos e é uma grande lição de vida para eles", acrescentou.
Portanto, com esse relato, procuramos trazer o exemplo de uma pessoa que luta contra o câncer de mama (aliás, dois!) e que, apesar de tudo, as pessoas não podem desistir. A vida é um dom valioso demais, concedida por Deus!.
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