O que fazer ao perder o emprego? Por um segundo, a questão passou pela cabeça da jornalista paulista Claudia Giudice, 49 anos, mas logo foi interrompida por uma notícia na TV: o avião com o candidato à presidência Eduardo Campos e parte de sua equipe caiu, matando todos a bordo.
Era 13 de agosto de 2014 e a então diretora de uma das unidades de negócios da Editora Abril foi chamada de volta à realidade pelo trabalho. O que ela não imaginava é que, 12 dias depois, sua premonição se tornaria real: depois de 23 anos vestindo o crachá da empresa, Claudia foi demitida.
“Por que eu?”, pensou. A notícia a pegou de surpresa, mas a lamúria durou pouco. O processo de reviravolta da jornalista que virou dona de uma pousada no Litoral Norte da Bahia virou blog e esse deu origem ao livro A Vida Sem Crachá.
“A escrita me salvou. (...) Processei com palavras a saída da vida executiva e a perda de coisas como contracheque, e-mail e celular da firma”, conta a autora no livro, cujo prefácio é assinado pelo também jornalista Laurentino Gomes, autor dos best-sellers 1808, 1822 e 1889 e ex-chefe de Claudia.
“Este livro conta um pedaço dessa história. Claudia se viu obrigada a abrir mão de uma carreira na qual apostara todos os seus esforços e todo o seu talento ao longo de 23 anos. (...) Em vez de cair no desespero, porém, decidiu transformar o limão numa limonada”, diz Laurentino, no livro.
Plano B - Junto com a sócia Nil Pereira, Claudia fez da praia de Arembepe (a 30 km de Salvador) o seu escritório, onde administra a pousada A Capela. Em A Vida Sem Crachá, ela conta como fez o seu plano B virar plano A, através de relatos bem-humorados, objetivos e sem exagero no sofrimento.
A autora narra como manteve a viagem de férias para os Estados Unidos logo após ser demitida e como os cortes financeiros, no retorno, foram essenciais para não cair. Ou seja: nada de carro. Só bicicleta, ônibus e metrô. A TV por assinatura ganhou um plano mais barato, as duas linhas de celular viraram uma só.
Autoajuda - “A Bahia me deu régua e compasso”. Na Bahia também estão os amigos, mas principalmente o trabalho. “Trabalho que adoro fazer, mas que é trabalho. Faço compra, preparo café da manhã, vendo diária, atendo hóspede, faço atendimento do restaurante e cuido da administração”, Claudia.
Tudo isso é contado no livro, que “é 100% autoajuda”, assume. “Mas com linguagem jornalística e histórias”, completa.
Como boa jornalista, ela conta histórias de empreendedores que cruzaram seu caminho, como o menino João, 13 anos, que viu em um engarrafamento na Estrada do Coco uma forma de lucrar vendendo água mineral.
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