A apreensão de 68 caixas de cigarros ontem à noite em Marília e que terminou com a morte de uma mulher, foi apenas uma "isca" para atrair a atenção da polícia. O objetivo principal era permitir a passagem de pelo menos quatro carretas carregadas com o produto contrabandeado que estariam levando o produto para centros distribuidores. Um deles fica em Bauru.

Destruição e morte causada pelo veículo em fuga.

Todos esses detalhes foram passados com exclusividade por um homem que mora em Marília e que durante seis anos trabalhou como contrabandista de cigarros, trazendo mercadoria do Paraguai, onde existem duas fábricas.

O corpo da funcionária pública Neuza Barreto Felix Batista, de 52 anos, está sendo velado neste momento no Salão Nobre (Verório Municipal) e o sepultamento será às 17h de hoje, no cemitério da Saudade. O marido dela, o veterinário José Carlos Batista, de 50 anos, permanece internado no HC.

PERSEGUIÇÃO E TRAGÉDIA

De acordo com boletim de ocorrência, registrado na Central de Polícia Judiciária, a Polícia Rodoviária Estadual estava acompanhando três carros suspeitos de transportar contrabando de cigarros pela rodovia SP-333, sentido Echaporã-Marília. Além da caminhonete Hyundai Vera Cruz (placas de São Paulo - tem queixa de estelionato), os outros dois carros eram um gol placas de Cafeara/PR er um Fiat Línea, de Londrina.

Neuza tinha 52 anos: vítima da violência.

No perímetro urbano da cidade, diversas viaturas da polícia Militar deram apoio, iniciando uma grande perseguição pela rodovia do Contorno. No entroncamento com a BR-153, o motorista da caminhonete ingressou na rodovia Transbrasiliana, enquanto que os outros dois veículos seguiram sentido Bauru.

O condutor entrou pela vila Hípica  em altístima velocidade até que conseguiu fugir do alcance das viaturas. Mas, no cruzamento das ruas João de Freitas Caires com a Benedito Mendes Faria, invadiu a preferencial e bateu na lateral de uma caminhonete F-350 de Garça. Desgovernado, o Hyundai acabou batendo em mais cinco veículos (inclusive uma moto) e só parou após invadir um estabelecimento comercial.

Carro invadiu o estabelecimento após bater em 5 veículos. Por muito pouco a tragédia não foi maior.

Na confusão, o motorista conseguiu fugir. Testemunhas disseram que ele estava vestido todo de preto e tinha cabelo tingido. Como não foi preso até hoje cedo, a polícia acredita que um dos carros "batedores" veio buscá-lo. Na caminhonete foram apreendidas 68 caixas de cigarro.

Com o violento impacto, a passageira da F-350, Neuza Félix foi arremessada para fora e sofreu traumatismo craniano e diversos outros ferimentos graves. Ela foi socorrida pela USA do SAMU e morreu horas depois no Hospital das Clínicas.

MOTORISTA NOVATO

Um internauta do portal Visão Notícias entrou em contato nesta manhã (19), via WhatsApp, e garantiu que o motorista da caminhonete era um contrabandista "novato", pelas circunstâncias da ocorrência. Na verdade ele era "isca" para atrair a polícia e, dessa forma, permitir que pelo menos quatro carretas carregadas de cigarro contrabandeado passassem pela região sem a ação policial.

Esse homem trabalhou seis anos nessa profissão, nunca foi preso e conta que ganhou muito dinheiro. Mas, como a Polícia Federal estava "em cima dele" resolveu parar e arranjar outro trabalho. Cada batedor ganha em média R$ 5 mil por viagem, enquanto que o motorista de 5 a 6 mil reais.

O informante disse ainda que esse cigarro não veio do Paraguai e sim de algum centro distribuir para ser descarregado em Marília e região. "A fronteira tá toda fechada desde ontem. Tá até a Força Nacional lá. Muita gente de Marília está lá e não consegue trazer nada. Tão revistando tudo, até bolsa", contou.

Aliás, esse detalhe é o mesmo que a Polícia Militar apurou: ontem à noite um dos veículos voltou para Marilia e seguiu sentido Oscar Bressane, ao que tudo indica inclusive para buscar o motorista causador do grave acidente. Foram feitas buscas, mas não foi localizado.

Veja também:

Contrabandista de cigarros foge da polícia e causa acidente com morte em Marília