Quando o futebol chegou ao Brasil em 1894, por meio do regresso de Charles Miller ao país após dez anos estudando na Inglaterra, o esporte tinha práticas e costumes diametralmente opostos ao que fazia do nosso país uma terra tão única. Uma vez que sua origem advinha das universidades inglesas frequentadas em grande parte pela alta classe britânica, o espaço para demonstrações de individualidade performática era quase inexistente.
Mas como conseguimos dar um jeito para quase tudo na vida, aos poucos o brasileiro foi encontrando formas de expressar o futebol como arte, inserindo dribles, passes e tantos outros lances de talento que eram deixados de lado na forma original do esporte. Até as torcidas sentiram a diferença, uma vez que o terno e a gravata de outrora foram deixados no armário em favor de roupas mais leves e condizentes com o clima tropical do território brasileiro.
Com o futebol se tornando um esporte de massas, a capacidade do Brasil de produzir talentos em escala quase industrial veio junto. Graças a esses talentos é que conseguimos nos tornar multicampeões, tanto em nível de clubes quanto de seleção. Em relação a esse último ponto, os pais do esporte não tiveram tanto êxito, uma vez que seu único título da Copa do Mundo veio em 1966, quando o torneio foi disputado na própria Inglaterra.
Por outro lado, os ingleses tiveram grande sucesso no âmbito de clubes. Ainda que a nível econômico o país não tenha mais a pujança dos tempos de “império onde o sol nunca se põe”, a Inglaterra tem a competição doméstica de clubes mais rica do mundo: a Premier League.

Os números do campeonato de liga mais importante da Inglaterra são impressionantes. Na temporada passada, que começou em agosto de 2018 e terminou em maio de 2019, a Premier League teve audiência acumulada de 3,2 bilhões de espectadores no mundo inteiro. Somente em direitos televisivos, os 20 times que compõem a competição receberam 2,45 bilhões de libras – ou seja, 12,97 bilhões de reais –, números que, ano após ano, só crescem.
Não é por menos que a Premier League tem sido palco para muitos dos melhores futebolistas do mundo, que acabam dominando tanto os campos ingleses quanto os continentais. Esse efeito é sentido principalmente nas chances de título dos times da Inglaterra em torneios continentais, evidenciado ao se ler as dicas de apostas esportivas de plataformas especializadas, como a da Betfair, que coloca as equipes Liverpool e Manchester City, que hoje disputam a Premier League, como favoritas ao título da Liga dos Campeões.
O mais interessante é que a Inglaterra foi um dos países que mais demorou para adotar talentos brasileiros. Enquanto Portugal, Espanha, Itália e França já eram destinos certos para atletas do Brasil, que saíam do país para se destacar na Europa desde a década de 1960, a Inglaterra só receberia seu primeiro jogador de futebol brasileiro em 1987, com a ida de Mirandinha para o Newcastle United.
Atualmente, 33 anos depois, o cenário já é outro. A melhor demonstração disso foi o duelo entre Manchester City e Everton, colocando dois técnicos lendários do esporte, Pep Guardiola e Carlo Ancelotti (foto), em um belo embate.
Só que o destaque da disputa, vencida por 2 a 1 pelo City de Pep, foi a grande atuação por parte dos atacantes brasileiros Gabriel Jesus e Richarlison. Os dois marcaram os três gols da partida – Jesus ao lado do City e Richarlison pelo Everton. Para muitos especialistas do futebol inglês tanto no Brasil quanto lá fora, o embate entre os atacantes foi demonstração de um futuro brilhante para brasileiros na Inglaterra, algo que há poucos anos era impensável, já que a quantidade de jogadores do nosso país na Premier League podia ser contada em uma mão.
Entretanto, como se pode notar, isso vem mudando mais e mais ao longo dos anos, graças aos esforços dos próprios times ingleses de apostarem em talentos internacionais cada vez mais cedo. Quem ganha com essa mudança não são apenas os times, mas também os torcedores e espectadores em geral, que podem conferir disputas acirradas entre grandes equipes. Vamos ver quais serão as novidades nesse sentido em 2020.
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