Marcos Boldrin*
Imagine, certa manhã, acordar de sonhos tranquilos e encontrar-se em sua cama metamorfoseado em John Lennon ou Yoko Ono no exato momento em que compunham: "Espero que algum dia você se junte a nós / e o mundo viverá como um só"....
Visualize que sua caneta ou dedos sobre o teclado continuem a descrever o seu próprio universo: mais físico, concreto, presencial.
Um mundo sem pesquisas instantâneas, compras ou informações a um toque dos dedos.
Sem Google, YouTube, WhatsApp ou Telegram, sem Facebook, Twitter, Wikipedia, jogos online, Netflix, iTunes.
Nada de TV a cabo: somente 2 canais e uma só fonte de notícias nacional.
Um futuro sem Internet.
Pronto: creio que já seja o suficiente e lhe agradeço pelo esforço de imaginação.
E, creia-me, este mundo já existiu: até meados dos anos 1990, época de implantação da nossa atual Constituição Federal, na qual pensadores da gestão fixaram como a máquina pública deveria funcionar, inclusive nos nossos municípios.
Passados mais de 30 anos, observe o quanto o mundo se transformou.
Porém, a coluna-mestra da boa e, agora, velha gestão pública carece de atualização e ainda segue dentro do encaixotamento pensado e implantado no século passado.
Os pequenos ajustes que aconteceram foram, muitas vezes, precários, pontuais, em "ilhas" de Excelência, sem alterações estruturais, gerais, amplas e irrestritas.
Assim, inviabiliza-se qualquer projeto sério, compartilhado, que uma cidade que se queira competitiva, globalizada, tenha intenção de realizar.
A mudança previdenciária e a chamada “reforma administrativa” federais abriram a discussão.
Ainda é pouco: há que se transformar mais e em todos os níveis.
A gestão do Prefeito Daniel Alonso cumpre seu papel ao propor os Projetos de Leis Complementares nº05/2020 e nº 22/2021 (respectivamente afetos ao Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos e à Reforma Previdenciária) à Câmara Municipal de Marília, possibilitando fértil terreno ao diálogo e ao debate rumo a esta vital transformação.
As propostas foram elaboradas para viabilizar a prestação de serviço público de qualidade para os cidadãos, objetivando suprir os três principais eixos norteadores: modernizar, aproximar o serviço público ainda mais da realidade do município e garantir condições orçamentárias e financeiras para a sua existência saudável.
Vai doer? Dói para a pequena ave que arrebenta a casca do ovo ao nascer e estica todos os seus tendões e músculos assim que toma contato com o mundo exterior; dói para mãe e rebento desde que a mulher sente suas duas ou três primeiras contrações até, no mínimo, o momento em que o bebê se irrompa a plenos pulmões em sua canção à vida.
Ao raiar de uma nova máquina pública, havemos de ceder, todos: administração pública, servidores públicos municipais e demais integrantes da sociedade.
Impossível é desejarmos entrar num mundo altamente competitivo, de excelência, com a mentalidade, músculos e ferramentas nas condições e forma atuais, provincianas. Paroquianas.
Chegada é a hora de nos ajustarmos ao mundo concreto, real, do século em que vivemos e em nível classe mundial de competitividade.
Que venha, enfim, o século XXI.
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* Marcos Boldrin é Secretário da Administração e Coronel da Reserva. Ele publica seus artigos no Visão Notícias.
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