A Unicef, diz que as crianças receberão apoio educacional e psicológico
As cerca de 300 crianças estão uniformizadas e carregam rifles enquanto escutam o discurso de seu comandante, em Pibor, no Sudão do Sul.
Há um certa agitação no ar, porque em breve as crianças passarão aos cuidados das Nações Unidas. Após anos de participação como soldados em uma guerra civil, as crianças enfim poderão ir para casa.
"Não vejo minha mãe e minha família desde o verão passado", explica Silva, um dos mais jovens soldados na cerimônia.
Ele tem apenas 11 anos. E assim como seus companheiros de armas, tem sua identidade preservada. Silva é um nome fictício.
"Vi muitas pessoas morrerem em minhas missões.Eu tinha um fuzil AK-47. Era pesado, mas estava lutando para proteger minha família e minha aldeia". ", conta
A cerimônia é conduzida pelo general Khalid Butrus Bura, um dos comandantes de Silva na Tropa Cobra do Exército Democrático do Sudão do Sul.
Trata-se de uma poderosa milícia atuante na região de Pibor e que há mais de três anos vive em guerra com governo do Sudão do Sul.
Porém, a situação em Pibor se tranquilizou com a assinatura de um acordo de paz entre o governo e David Yau Yau, líder rebelde que pegou em armas contra as autoridades sob a alegação de estar defendendo os interesses da minoria.
Yau Yau é uma presença forte na região de Pibor e seu nome é gritado pelas crianças-soldado antes de sua transferência para um complexo especial da ONU no vilarejo de Gumuruk.
Silva agora pensa num futuro sem guerras. "Quero estudar. Não quero mas lutar. Tinha muito medo" .
O conflito em Pibor é paralelo à rebelião nacional que eclodiu no Sudão do Sul em 2013 e que já matou mais de 50 mil pessoas e a ONU acredita que milhares de crianças têm sido forçadas a lutar em ambos os lados do conflito.
Esperança - A Unicef, agências das ONU para a criança e o adolescente diz que as crianças retiradas do conflito receberão apoio educacional e psicológico antes das tentativas de reuni-los às famílias.
No total, 3 mil crianças foram desmobilizadas, segundo um porta-voz da entidade.
É a primeira operação deste tipo realizada. Há uma grande quantidade de soldados infantis na guerra civil do Sudão do Sul, o fato de tirar meninos do uniforme militar e os colocar na escola é um sinal de esperança para o futuro daquele país.
"Queremos que as crianças tenham educação. Não as queremos mais em combate. Elas lutaram apenas porque era um momento especial em nossa história. Elas jamais lutarão novamente", afirma Bura.
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288





