Colombianos que estão morando em Marília são acusados por comerciantes de agiotagem ao cobrar até 20% de juros ao mês por empréstimo de dinheiro e exigir o pagamento diário, por meio de um cartão de cobrança.

Apesar das denúncias, até agora nenhuma queixa foi registrada na Central de Polícia Judiciária, segundo informou o delegado assistente da Seccional, Wilson Carlos Frazão. A pena para agiotagem, considerado crime contra a economia popular, é de seis meses a dois anos de prisão e multa.

Cartão de cobrança "diária" dos colombianos.

A ação de quadrilhas de agiotas colombianos tem ocorrido em vários estados.  Elas ameaçam de agressão quando as vítimas não conseguem pagar os empréstimos. Em Brasília foram presos recentemente  17 colombianos . Com eles, apreendidos R$ 100 mil em dinheiro e 14 motocicletas. A quadrilha atraía as vítimas distribuindo folhetos nas ruas.

AÇÃO EM MARÍLIA – Um comerciante mariliense, de 37 anos, procurou a reportagem do portal Visão Notícias.com e fez a denúncia. Ele não quer ser identificado com medo de sofreu ameaças.  Mas, relatou detalhes de como esses colombianos atuam. Aliás, eles estariam freqüentando academia e outros locais “badalados” da cidade, como a avenida das Esmeraldas, o que facilitaria o contato com pessoas que precisam de dinheiro emprestado.

“Nós temos medo de retaliações pois quem está reclamando das investidas contra esses agiotas colombianos têm medo, pois eles já conhecem os estabelecimentos dos mesmos”, explicou o comerciante. Um dos acusados está morando em Marília há seis meses enquanto que o outro veio cara a cidade há apenas dois meses.

COMO FUNCIONA A AGIOTAGEM - O comerciante mariliense forneceu detalhes de como agem essas quadrilhas, ou seja, recrutam vários moradores daquele país e que estão desempregados. Trazem para o Brasil e, após “treinamento”, saem pelas cidades entregando cartões com telefone e formas de pagamento do “empréstimo”.

Exemplo: uma pessoa que empresta R$ 1.000,00 vai pagar 20 parcelas DIÁRIAS de R$ 60,00 (de segunda a sábado) e, ao final, terá que desembolsar R$ 1.200,00, ou seja, juros de 20% em menos de um mês

“Se por ventura ocorre atraso, eles começam a ir fazer a cobrança todo dia, a toda hora com rodízio de colombianos. Eles chegam às vezes dois em cada moto e, se por ventura alguém não pagar, eles dizem que vai haver problemas na família com eles. Aí fazem sinal de pescoço cortado e muitas falam que pode ser dinheiro proveniente do tráfico lá da Colômbia sendo lavado aqui”, explicou o comerciante.

O comerciante disse que, além dele, vários clientes também já foram vítimas da quadrilha. "Vários clientes meus já entraram neles e entrar e não sair mais", lamentou. Pela internet é possível constatar que esse tipo de agiotagem ocorre em várias partes do país.

Em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), por exemplo, os colombianos ofereciam dinheiro fácil sem necessidade de comprovação de renda. Depois cobravam diariamente as parcelas a juros muito mais altos do que o normal. Quem não pagava era ameaçado de morte.