O caso da estudante de Medicina mariliense, de 23 anos, encontrada morta na semana passada, teve uma reviravolta e agora envolve o ex-namorado da vítima. Ele é acusado de induzir a vítima a praticar um aborto e, depois disso, ela entrou em depressão. A família esteve na tarde desta quarta-feira (dia 21), na Central de Polícia Judicial onde entrou com uma representação para apuração do caso.
A família, por meio dos advogados, procurou o Visão Notícias encaminhando o dossiê que foi entregue pela família à polícia, com mais de 60 páginas, contendo todas as conversas entre os jovens namorados, inclusive na qual ele teria induzido a vítima a praticar o aborto pois não suportaria a reação da família. O caso será apurado como um possível crime de suicídio induzido (veja abaixo).
Entenda o caso
De acordo com os relatos, a vítima namorava um universitário de 22 anos, que atualmente está em Campinas, onde cursa Administração. Mas, como a família dele mora em Garça (filho de um empresário da cidade), eles sempre se encontravam. Em novembro do ano passado, a moça descobriu que estava grávida e tentou contar para o namorado:
Desde então, as trocas de mensagens via WhatsApp, que sempre foram carinhosas, passaram a ser com mais frieza até chegar ao ponto do namorado pedir para que praticasse o aborto. Mesmo contra a sua vontade, a estudante acabou sendo convencida, com promessas que nunca teriam se concretizado:
"Em novembro de 2024, a jovem teria ingerido um medicamento abortivo adquirido pelo então companheiro, em um quarto de hotel na cidade de Marília. Após o episódio, mergulhou em um quadro depressivo severo, tentando reestabelecer contato com o parceiro e, posteriormente, até com familiares dele, sem sucesso", relatou a família.
Momentos difíceis
Pelas mensagens, o namorado afirmava que naquele momento não estava preparado "para ser pai" porque iria ter que deixar a faculdade e a sua família iria exigir que passasse a trabalhar:
Diante dessa situação, a vítima acabou sendo convencida pelo namorado a praticar o aborto que foi feito em um hotel de Marília. Mas, ela relatou em outras mensagens para ele que foram momentos terríveis e estava arrependida do que fez:
Trágica decisão
Desde que realizou o aborto, a vida da estudante mariliense mudou completamente. Ela ficou bastante depressiva e só depois disso é que contou o que havia ocorrido à família. Antes, avisou o namorado da decisão que iria tomar:
O seu pai entrou em contato com o empresário (pai do estudante) pedindo para que intercedesse junto ao jovem, como forma de que a jovem saísse daquele quadro mental. Mas, a resposta teria sido dura: "cada um cuida do seu filho."
Na semana passada a jovem foi encontrada morta após ingerir veneno. Pouco antes do ato, ela enviou mensagens de despedida, nas quais afirmava não suportar mais a dor emocional e pedia desculpas por "não ter sido forte o suficiente", segundo relatam os advogados.
Suicídio induzido
Conforme a representação encaminhada hoje à Polícia Civil, "o caso revela um claro padrão de violência psicológica e moral, e será formalmente investigado como possível suicídio induzido, com base na legislação penal e na Lei Maria da Penha".
Agora, caberá a polícia Civil decidir se a investigação será feita pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) ou mesmo por um dos Distritos Policiais.
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