Cartas revelam que adolescente morta pelo ex-padrasto era abusada sexualmente desde criança

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Uma carta encontrada pela mãe da adolescente de 15 anos morta pelo ex-padrasto revela que a vítima era abusada sexualmente desde os quatro anos. O corpo de Ana Cristina da Silva, desaparecida em 27 de julho, foi localizado às margens da Rodovia Feliciano Salles Cunha (SP-310), entre Mirassol e Neves Paulista, no dia 4 de agosto.

A mãe da vítima, Carla Cristina da Silva Nascimento, de 36 anos, contou que a adolescente deixou cartas escondidas no seu quarto.

Em uma delas, datada de dezembro de 2022, Ana Cristina escreveu: “Se eu abrir a boca vai tudo piorar, e a culpada vai ser eu. Abusada desde os quatro anos de idade, aos 14 anos depressão, ansiedade e medo. Eu nunca falei para minha mãe, para ninguém até hoje. Eu sou muito fraca”, escreveu a garota.

Carla Cristina e a filha, Ana Cristina, morta pelo ex-padrasto em Mirassol (SP) ? Foto: Carla Cristina Nascimento/Arquivo pessoalCarla contou que nunca desconfiou que a filha fosse abusada porque o ex-padrasto, com quem manteve um relacionamento por 12 anos, se comportava como pai. 

“Ele me ajudou a criar meus filhos. Ele era de minha total confiança. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de tamanha maldade. Ela chamava ele de pai, quando eu o conheci, ela ia fazer três aninhos.”, lamentou.

Ainda de acordo com Carla, uma amiga da filha enviou um áudio a ela, enquanto a garota estava desaparecida, dizendo que Ana Cristina contou que era abusada pelo padrasto, mas pediu que o segredo não fosse revelado à mãe. 

Carla Cristina e a filha, Ana Cristina, morta pelo ex-padrasto em Mirassol (SP) ? Foto: Carla Cristina da Silva Nascimento/Arquivo pessoal

O suspeito foi preso pela polícia em Olímpia, quando tentava fugir, no dia 4 de agosto. Em depoimento, ele confessou e disse que cometeu o crime por medo de que a jovem contasse que era abusada sexualmente por ele e para se vingar da mãe.

“Me dói muito. Eu estou de um jeito que como só para comer, vivo só por viver. Estou tentando trabalhar, mas não consigo. Tenho crises fortes de ansiedade e de choro. Dói tanto meu coração que tem momentos que não consigo ficar em pé”, desabafou a mãe.

Carla Cristina e a filha, Ana Cristina, morta pelo ex-padrasto em Mirassol (SP) ? Foto: Carla Cristina da Silva Nascimento/Arquivo pessoal

Em seu depoimento, o criminoso disse que entrou na casa, escondeu-se debaixo da cama da garota, por várias horas. Quando ela dormia, ele a surpreendeu, levou-a amordaçada num carro alugado para um sítio onde ele trabalhava, na cidade de Mirassol. Lá praticou o estupro e a matou. Depois levou o corpo para ser enterrado num canavial.

Ao ser questionado pelos motivos que o levaram a cometer tamanha barbaridade, ele disse que foi para vingar-se da separação com a mãe da garota e pelo desejo sexual que nutria por Ana. No entanto, disse estar arrependido, já que, para ele, a menina era uma verdadeira filha.

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