Caminhoneiro de Marília que ficou 14 horas sequestrado numa mata conta o drama

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Vítima foi assaltada no Maranhão e ficou todo tempo amarrado numa mata. Quadrilha agora exige dinheiro.

 

O caminhoneiro Manoel Joaquim de Oliveira, de 50 anos, que mora em Marília, passou o maior drama de sua vida em 28 anos de estrada na semana passada. Ele foi assaltado por integrantes de uma quadrilha especializada em roubo de carga, ficou 14 horas como refém amarrado numa mata e agora os criminosos exigem dinheiro para devolver o veículo dele e a carga, um trator.

 

Manoel (conhecido como “Tubaína”) retornou a Marília na noite deste domingo e hoje (07) de manhã recebeu a reportagem do portal Visão Notícias.com em sua casa, no bairro Santa Antonieta, onde relatou com exclusividade o drama que passou. Ele ainda se recupera do susto e também fisicamente, já que ficou bastante debilitado.

 

O caminhoneiro foi contratado para transportar um trator até o Estado do Maranhão. Quando se aproximava da cidade de Grajaú, uma caminhonete emparelhou ao seu caminhão e os ocupantes pediram água, alegando que o “motor estava fervendo”. Manoel parou para ajudar e acabou sendo rendido.

 

Sob ameaça de pistola e com uma camiseta no rosto, foi obrigado a entrar na caminhonete enquanto que um dos criminosos fugiu com o caminhão. Manoel conta que foi levado para uma mata fechada, onde ficou em poder de um dos assaltantes. Ele foi marrado a uma árvore, onde permaneceu até de madrugada.

 

 

ESCURIDÃO – O maior medo – conta Manoel – foi durante a madrugada. Em certo momento, começou a ouvir rugidos como de uma onça. O criminoso protegeu o seu corpo com o dele e deu alguns tiros para espantar. Insetos, como pernilongos e aranhas, deixaram marcas no seu corpo. Tudo isso na completa escuridão.

 

Manoel mostra como ficou com as mãos amarradas.

 

Apesar de todo o sofrimento, o caminhoneiro disse que o sequestrador não lhe machucou e, na medida do possível até lhe "tratou bem", dando água, cigarro e até ajudando-o a urinar.

 

A troca de mensagens via celular pela quadrilha era constante. Até que por volta das 4h da madrugada o criminoso que o mantinha refém se aproximou, verificou a corda, soltando a mão esquerda. Manoel achou estranho e em seguida soube o motivo: um veículo se aproximou com som alto para buscar o assaltante.

 

DESESPERO

 

Pelo amor de Deus, não me deixem sozinho aqui”, gritou o mariliense para os criminosos que não deram ouvidos. Desesperado, forçou a corda e ao se soltar foi trombando contra as árvores sem enxergar nada.

 

Depois de muita dificuldade, conseguiu chegar novamente à estrada onde o assalto havia começado (cerca de 500 metros de distância).  O drama piorou ainda mais porque, como era de madrugada, nenhum caminhoneiro se arriscava a parar, mesmo com Manoel se jogando na frente dos veículos, pedindo socorro.

 

Foi quando pediu: “Meu Deus me manda um anjo”. Neste momento, um carreteiro que já havia passado por ele decidiu parar e deu ré, a pedido do seu filho, uma criança. Aliás, no dia seguinte essa mesma criança foi à delegacia lhe entregar um dinheiro e uma camiseta. Era o ANJO que Manoel tanto clamou durante o seu desespero durante a madrugada.

 

Pelo rádio, o motorista pediu ajuda aos demais colegas e Manoel Joaquim de Oliveira foi levado até Grajaú (a 25 Km de distância), onde foi deixado na Delegacia.

 

EXIGIAM DINHEIRO – Manoel estava apenas com a roupa do corpo, passando muito frio e com fome. Os assaltantes jogaram fora a bateria do celular, mas deixaram o aparelho com a vítima.

 

O caminhão e o trator. A foto foi registrada momentos antes de Manoel iniciar viagem.

 

Foi aí que ele entendeu o motivo. Como precisava manter contato com a família, conseguiu outra bateria e assim ligar para Marília. Aí, recebeu ligação dos criminosos exigindo R$ 6 mil para devolver o caminhão e mais R$ 25 mil pelo trator.

 

Começava uma longa negociação, inclusive com ajuda de parentes. Foi feito um “acordo”: foi feito depósito de R$ 800,00 como “entrada” para devolução do caminhão numa conta em Goiânia, imediatamente sacado pela quadrilha. Mas, os criminosos ainda não cumpriram a parte deles e Manoel permanece a pé.

 

Com ajuda de um empresário da capital – que sempre lhe passa cargas – o caminhoneiro conseguiu voltar para Marília na noite deste domingo, chegando num voo comercial. Manoel que é casado, pai de dois filhos e tem dois netos, agora luta para conseguir de volta o caminhão que é a sua única fonte de renda.

 

QUADRILHA ESPECIALIZADA:

 

A Polícia Civil do Maranhão prossegue nas investigações para tentar prender os integrantes da quadrilha. Seria formada por pelo menos 30 pessoas e especializada no roubo de cargas. Na semana passada havia ocorrido um assalto semelhante, também com o roubo de um trator.

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