Eles são alvos de mutilações e assassinatos em paises africanos
Pessoas com albinismo enfrentam preconceito e morte na Tanzânia. Recentemente, uma nova campanha foi lançada para tentar pôr fim a sequestros e assassinatos que aterrorizam os cerca de 30 mil albinos que vivem no país.
O pescador Mtobi Namigambo vive na ilha de Ukerewe, na Tanzânia.
Situada a três horas de distância de Mwanza, segunda maior cidade do país, a ilha remota já foi tido como um santuário para albinos, mas hoje a situação mudou.
Um dos filhos de Namigambo, May Mosi, com quatro anos de idade, é albino. Quando tinha três meses de idade, escapou de uma tentativa de sequestro.
"Eu tinha ido pescar no lago e minha esposa e as crianças estavam sozinhas na casa quando foram atacadas. Ela pulou pela janela e correu com May, em busca de um local seguro, deixando as outras duas crianças para trás - ela não sofreram nada". conta o pai.
Os agressores estavam à procura de May.
O albinismo é um distúrbio congênito caracterizado pela ausência de pigmento na pele, cabelos e olhos devido a uma deficiência na produção de melanina pelo organismo.
Em alguns casos, o distúrbio também provoca problemas de visão.
Ele é raro, afetando uma em cada 17 mil pessoas aproximadamente.
Na Tanzânia e em outros países africanos, especialmente no leste do continente, albinos sofrem perseguições.
Em algumas regiões, são tidos como demoníacos e perigosos. Na Tanzânia, alguns acreditam que poções feitas utilizando partes dos corpos dos albinos trariam sorte e riqueza.
Como resultado, mais de 70 albinos foram mortos no país nos últimos três anos.
Segundo grupos que fazem campanha em defesa dos albinos, apenas dez pessoas foram presas em consequência desses assassinatos.
No caso mais recente, uma mulher foi morta a golpes de machado.
Campanhas
Nos últimos anos, houve várias iniciativas para tentar conscientizar a população e romper preconceitos e superstições em torno do albinismo.
Na Tanzânia, o governo lançou campanhas de conscientização, mas o problema persiste, especialmente em regiões remotas como a ilha Ukerewe, onde vivem o menino May e sua família.
"Nós apelamos ao governo por mais iniciativas para educar a comunidade aqui (na ilha)", diz Namigambo, pai de May. "No passado, as autoridades faziam seminários sobre albinismo. Faziam muita diferença, mas agora não mais", ele comenta.
Alfred Kapole, presidente da sucursal regional da Tanzania Albinism Society, nativo da ilha, foi obrigado a fugir para Mwanza. Ele é um dos primeiros albinos cujo caso chegou aos tribunais após um líder local ter tentado matá-lo para ficar com seu cabelo.
Um representante da sociedade de albinos de Sengerema, Mashaka Benedict, disse que mesmo pessoas com certo nível educacional acreditam que partes dos corpos dos albinos podem trazer riqueza.
Apesar das dificuldades, ativistas persistem na luta para combater o preconceito e a ignorância.
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