Quase 24 anos depois do afastamento de Fernando Collor de Mello, a Câmara dos Deputados volta a julgar neste domingo (17) um presidente da Câmara ao decidir pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Os dois lados cantam vitória. O governo diz ter os 172 votos necessários para barrar o impedimento, e a oposição e o PMDB garantem ter 342 votos contra a petista.
Um dia antes da votação (marcada para começar às 14h de hoje), o Palácio do Planalto lançou mão de nova ofensiva para tentar arregimentar mais votos. Como parte da estratégia, houve um corpo a corpo de governadores simpáticos à presidente com parlamentares de seus estados. Essa articulação contou com a participação de ao menos três governadores: Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Tião Vianna (PT), do Acre; e Wellington dias (PT), do Piauí.
Paralelamente a isso, o vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB), avisou que o governo vai continuar negociando cargos com parlamentares dispostos a apoiar o governo. Apenas ontem, foram nomeadas mais de 80 pessoas. Enquanto isso, o vice Michel Temer, que estava em São Paulo, voltou para Brasília para novas articulações, diante dos rumores de que o governo estava revertendo votos.
O surgimento de um grupo de parlamentares oriundos da Rede, PSOL e dissidentes do PSB deram fôlego ao mote de “nem Dilma, nem Cunha”, pregando a abstenção na votação — o que, na prática, favorece o governo. “A solução passa pela cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse é o caminho mais adequado para o país”, defendeu o deputado Aliel Machado (Rede-PR), que faz parte do grupo. Segundo esses parlamentares, existe a possibilidade de até 20 deputados aderirem ao grupo.
Votação será alternada
A ordem da votação, determinada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai alternar estados do Norte e do Sul, partindo dos mais extremos até o centro. Depois, a ordem será invertida.
Dessa forma, os primeiros a votar serão os parlamentares de Roraima, seguidos pelos do Rio Grande do Sul. Na sequência virão os de Santa Catarina seguidos do Amapá. Depois do Pará e do Paraná e assim sucessivamente.
Os parlamentares governistas desejavam que a votação ocorresse de um em um, ou seja, um deputado de Roraima vota, seguido por um do Rio Grande do Sul. Para a base aliada, a ordem de votação é importante porque poderia influenciar deputados indecisos de forma negativa ao governo. Nos estados do Sul, que têm mais deputados, há mais votos favoráveis ao impedimento.
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