A diretoria da Associação Comercial e de Inovação de Marília (ACIM) está alertando para a grande diferença entre o que os governos municipal, estadual e federal arrecadam e gastam, com base nos dois painéis criados para o acompanhamento público das finanças governamentais.

De acordo com a diretora da entidade, Ilma Maria Aires de Lucena (foto), enquanto a arrecadação estimada pelo Impostômetro totaliza R$ 2,88 trilhões, no Gastômetro, que mensura os gastos públicos, somam R$ 3,84 trilhões, uma diferença de praticamente R$ 1 trilhão. Os dois painéis, criados pela Associação Comercial de São Paulo, estimam em tempo real os recursos que entram e saem dos caixas do setor público.

Em cinco meses, as despesas dos governos cresceram 139%. “Está mais do que óbvio que a conta não vai fechar e vai sobrar para a população sofrer, principalmente com a péssima qualidade do serviço público”, comentou a diretora ao lamentar a desproporção financeira entre as entradas e saída do caixa do Governo.

O superintendente da ACIM, José Augusto Gomes, diz que o aumento dos gastos públicos pode levar o Brasil a um cenário incerto nos próximos meses, com o aumento da dívida pública, dos precatórios - garantia judicial de que um ente público irá pagar uma dívida - e elevação da taxa básica de juros, o que reduziria o crescimento da economia e afastaria investimentos.

Calote aos credores

“À medida que o governo gasta além do orçamento, a dívida pública aumenta, assim como a emissão de precatórios, o que gera mais dívidas”, disse o superintendente. “A dívida pública no final do ano estará em 80% do PIB”, prevê.

No caso do governo federal, considerando o cenário fiscal atual, José Augusto Gomes diz que restarão poucas opções: dar o calote nos credores ou vender títulos públicos e emitir mais moedas, aumentando a circulação de dinheiro dentro do país, o que pode levar a um aumento da inflação.