Pastora, cantora, deputada federal cassada e em prisão preventiva sob acusação de ter mandado matar o marido, Anderson do Carmo, em 2019, Flordelis dos Santos de Souza, 61, contou em dezenas de entrevistas, ao longo de quase 30 anos, que adotou 37 crianças após uma chacina na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1994.
Segundo o escritor e jornalista Ullisses Campbell, que lançará em agosto o livro "Flordelis: A Pastora do Diabo", essa é a maior mentira contada por ela. Depois de ir a fundo em arquivos da polícia e imprensa, descobriu que não houve registro de chacina, na verdade ela encontrava mães altamente debilitadas, nas ruas e levava as crianças.
Flordelis orgulhava-se por ser mãe de 55 filhos, entre biológicos e adotados, ela narrou essa história em um livro autobiográfico e no filme sobre sua vida, em que interpreta a si mesma.
"Ela inventava que achou crianças", afirma o autor Campbell, que com a obra fecha uma trilogia —as anteriores foram sobre Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga.
Para escrever o livro, o jornalista entrevistou parentes e filhos, entre outras pessoas próximas à pastora. Também assistiu a depoimentos de testemunhas que afirmam terem participado de rituais satânicos envolvendo a pastora, o marido e os filhos com sexo, sangue e esperma.
Morto aos 42 anos com 30 tiros, Anderson, afirma Campbell, era "o demônio dentro da casa". Cometia abusos contra a esposa, de quem controlava todas as ações e subtraía parte do faturamento dela como artista, e contra os filhos —principalmente as filhas que, segundo relatos, eram estupradas, com força e violência, por ele. "Entre as vítimas há inclusive uma criança de 9 anos", afirma o autor.
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288





