Uma das alas mostrava PMs como se fossem "demônios".
Os deputados eleitos por Marília, Capitão Augusto (federal) e Dani Alonso (estadual), ambos do PL-SP, pediram punição à escola de samba Vai-Vai após o polêmico desfile do último sábado.
É que uma das alas era composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque da polícia paulista que usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, parecendo demônios.
Essa associação com a PM provocou indignação entre policiais e políticos, que se pronunciaram veementemente contra a escola de samba.
Os parlamentares de Marília, por exemplo, enviaram ofícios ao governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, e ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, pedindo medidas punitivas contra a agremiação, principalmente o bloqueio de recursos públicos para a escola no próximo ano.
“Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada. Tal medida não apenas servirá de punição apropriada, mas também como um claro sinal de que ofensas contra as instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado”, diz ofício para Tarcísio de Freitas. O mesmo pedido foi enviado a Nunes.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) também já havia reclamado do desfile, dizendo que a escola "tratou com escárnio a figura de agentes da lei".
Essa ala fazia alusão especificamente ao disco "Sobrevivendo no Inferno", lançado pelo grupo de rap Racionais MC's em 1997 com músicas que denunciam a violência policial, em especial contra jovens pretos — como a canção "Capítulo 4, Versículo 3"…
O que diz a Vai-Vai
Em nota, a Vai-Vai esclareceu que seu enredo tinha como propósito realizar uma crítica à concepção de cultura em São Paulo, que exclui manifestações como o hip hop e seus quatro elementos: breaking, graffiti, MCs e DJs.
A escola ainda ressaltou que buscou homenagear e dar voz aos artistas marginalizados, destacando o histórico de repressão e marginalização sofrido pelos precursores do movimento hip hop no Brasil.
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