Técnico brasileiro que transforma a vida de meninas pobres nos EUA pode ser obrigado a deixar o pais

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Em um esporte que, nos Estados Unidos, costuma atrair jovens de classe alta e ser praticado em instituições centenárias, as adolescentes treinadas pelo técnico de remo brasileiro Henrique Vieira Motta em Los Angeles, na Califórnia, fogem do padrão.

Muitas vêm de famílias pobres, e algumas são filhas de imigrantes, a primeira geração nascida em solo americano. Em vez de corpos musculosos comumente associados ao remo, várias têm baixa estatura e nunca haviam praticado esportes.

As meninas treinadas por Motta fazem parte do RowLA, um programa criado há dez anos, que atende estudantes do ensino fundamental e médio de comunidades carentes de Los Angeles. O objetivo é não somente formar atletas de alto nível, mas oferecer apoio e orientação para que essas alunas sejam bem-sucedidas também na vida acadêmica e profissional.

Em três anos com Motta como treinador, o bom desempenho das jovens levou não apenas à conquista de campeonatos, mas também garantiu a muitas delas bolsas de estudo para frequentar a universidade.

Mas apesar do sucesso como treinador e do reconhecimento de sua contribuição para o bom desempenho do programa e das adolescentes, o técnico corre o risco de ter que deixar os Estados Unidos e abandonar a equipe.

Motta é portador de um visto de trabalho oferecido para pessoas com "habilidades extraordinárias" em determinadas áreas, como atletismo. No ano passado, vários meses antes da data de fim de validade do visto, ele entrou com um pedido de green card, que garante residência permanente nos Estados Unidos com direito pleno a trabalho.

O pedido, feito por advogados de imigração e com o apoio da direção da RowLA, incluía centenas de páginas documentando as conquistas profissionais de Motta que, aos 39 anos, coleciona uma carreira de sucesso, com décadas de experiência como remador e como técnico, passagens por clubes como Botafogo e Vasco da Gama e vitórias em mais de 20 campeonatos, inclusive títulos sul-americano e pan-americano. Também incluía cartas de recomendação de atletas de destaque no esporte.

Mas, o pedido acabou sendo negado e Motta aguarda uma resposta.

O técnico pode continuar trabalhando legalmente nos Estados Unidos enquanto aguarda as duas decisões. Mas teme que, a qualquer hora, as autoridades decidam rejeitar seus pedidos e ele tenha de deixar o país. "Está fora do meu controle. A única coisa que eu posso fazer é continuar trabalhando, até permitirem", afirma.

Perda enorme

A fundadora e diretora do RowLA, Liz Greenberger, destaca a contribuição do técnico brasileiro para o esporte e o impacto positivo que tem na vida das atletas do programa e diz que a saída de Motta seria uma perda enorme.

"Henrique é excepcional em todos os sentidos. Nós realmente queremos mantê-lo neste país", diz Greenberger

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