Estudante de Medicina que assistia à aula em maca faz reabilitação

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O estudante de Medicina da UFPI (Universidade Federal do Piauí) Leandro Silva de Sousa, 21, que assistia às aulas do curso de bruços, deitado em uma maca, recuperou-se da lesão que o impedia de sentar na cadeira de rodas e está, a convite do governo de São Paulo, fazendo reabilitação na Rede Lucy Montoro, no Morumbi, zona oeste. Era um sonho dele desde que ficou paraplégico ao levar cinco tiros tentando apartar uma briga, há quatro anos.

Leandro foi submetido a uma cirurgia plástica, há três meses, o que conseguiu tapar uma úlcera de pressão -ferida que pode comprometer profundamente a parte afetada se não for bem tratada- na região das nádegas.

Agora, o estudante consegue se sentar, mas ainda prefere acompanhar as disciplinas teóricas do curso -ele acabou de passar para o terceiro semestre- em uma maca portátil, enfrentando diversos desafios de acessibilidade. Ele chegou a entrar em laboratórios e usar o microscópio, com uma adaptação improvisada, deitado na maca.

Após ter sido baleado e sofrer uma lesão medular, o jovem não teve orientação básica para encaminhar a vida em uma nova condição física. Ele tem dificuldades de tocar a cadeira de rodas e ter desenvoltura com ela, assim como não sabia toda técnica de lidar com suas funções fisiológicas, que foram alteradas, por essa razão, ele queria vir a São Paulo.

Desde o início de julho, Leandro está passando por uma reabilitação intensiva na Rede Lucy, ligada à Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Ele ficará quatro semanas em tratamentos, treinamentos e preparos para ter condições de levar uma vida mais autônoma. No final do ano, ele retorna para uma reavaliação.

O médico que acompanha Leandro na reabilitação, afirma que em disciplinas que se passam em centros cirúrgicos, por exemplo, será necessário pensar em como fazer o processo de assepsia da cadeira de rodas. Para ficar na altura do paciente na mesa de cirurgia, Leandro já tem uma solução.

Com apoio de uma campanha coletiva, que arrecadou R$ 24 mil, ele vai comprar uma cadeira especial, que deixa o usuário em pé e se locomove eletronicamente. 

O jovem mora com a mãe em uma quitinete, próxima ao campus onde estuda. O pai é caminhoneiro, sustenta a família com cerca de R$ 1.400 por mês. Até dois meses atrás, ele tinha despesas com uma ambulância que o levava de maca à universidade, o que não é mais necessário. A UFPI dá uma bolsa de assistência a ele.

Leandro ainda tem uma bala alojada entre as vértebras, mas que não será necessário retirá-la, embora o estudante ainda tenha de passar por outras avaliações. 

O estudante, que é apaixonado por esportes, pretende entrar em um time de basquete em cadeira de rodas. "Estou feliz por ter vindo para São Paulo e receber esse tipo de assistência que estou tendo. Quero ser médico para fazer o bem a outras pessoas", declara Leandro.

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