O que podemos aprender com o enigmático mistério de um futuro inimaginável de quem ocupa o poder maior da Nação.
César Marco Aurélio Antonino Augusto foi líder e imperador romano por quase duas décadas, iniciando seu governo no ano de 161 de nossa era e o encerrando somente com sua morte, em pleno exercício de comando em campanha militar, legando-nos mais que uma história em gestão pública e carreira: legou-nos sua sabedoria.
Marcos Boldrin
Solilóquios, um conjunto de reflexões pessoais destinadas a si mesmo, um exercício escrito de análises e reanálises dos próprios pensamentos, atos e palavras, repletas de fundamentos morais, útil como fonte para sua própria orientação e para se melhorar como pessoa que, com o passar dos tempos e no sentido de se adaptar ao comércio editorial, recebeu o nome de “Meditações, de Marco Aurélio”, é sua herança a nossa civilização ocidental, cuja gestão foi marcada por guerras sangrentas e prolongadas na mantença das fronteiras imperiais geográficas e por uma série de dificuldades internas, o que não o impediu de encontrar tempo para o escrever.
O exercício do poder exige forte capacidade de ponderação, de reflexão, considerado, aqui, em sua etimologia: do latim RE, “outra vez, per se, para si”, mais FLEXUS, “dobrado, fletido” – voltar as faculdades mentais sobre si mesmo para se conhecer ou para melhor entender o mundo à sua volta. Governar e praticar Política, divorciados desta capacidade de meditação, carecem de sentido e os esvazia – tornam-se o poder pelo poder, estéril, perdendo-se o horizonte principal: o de que o exercício do poder é mero instrumento para proteção do espírito humano, do ser humano, e não o seu contrário, um fim em si próprio.
O nosso Senhor Presidente escolhido em 2018 vem, desde sua eleição, concedendo constantes entrevistas, escrevendo em redes sociais e “fazendo lives” (numa espécie de ubiquidade midiática, estando presente em toda parte e a todo o tempo); negociando com representantes de segmentos diversos da sociedade – ontem à tarde, reunião com comandantes gerais das Polícias Militares e hoje, já pela manhã, visita ao Comando de Operações Táticas da Polícia Federal -, com congressistas atuais e os que se elegeram para o próximo exercício; contemporizando com opositores e equilibrando as cobranças de apoiadores; revisando todos os temas propostos em plano de campanha e o que realmente deve ser incluído e priorizado em seu Planejamento Estratégico de governo; até há pouco, entrevistando e convidando candidatos à sua equipe; justificando publicamente palavras mal colocadas por seus assessores; tentando realizar o sonho kubitschekiano do "cinquenta anos em cinco" (marca do desenvolvimentismo econômico e social que se cristalizou entre os militares das Forças Armadas); tentando zelar pela unidade da própria família; mantendo curativos diários ao grave ferimento que se mantém após ser vítima de atentado ainda em campanha eleitoral etc.
A menos que seja uma criatura com dons típicos de personagens de HQs, não é factível que um momento de isolamento e concentração – basilares para quem se propõe a pensar, com lógica e equilíbrio – se faça presente ao longo de todo este processo. E do que ainda virá, mantido este ritmo.
Obviamente que o momento exige tantas frentes. Também é óbvio que a alegria da conquista de tamanha grandeza no cenário nacional participe desta sua fase de vida – e não somente dele, mas de todos os que se comprometeram e comprometerão em o assessorar.
Entretanto, pudesse lhe fazer chegar minhas palavras, neste momento, seriam estas: que se retirasse, de forma constante e amiúde, do olho do furacão que o envolve... e que, passada a empolgação do processo eleitoral, agora devidamente ungido e legitimado pela aprovação nas urnas, comprasse um caderno de anotações.
Menos para somente futilidades. Mais para que, aproveitando sua condição ímpar de maior autoridade pública de uma nação que quer um lugar ao sol dentre as mais poderosas na geopolítica atual, saia ao menos um ser humano maior e melhor ao final de todo o processo daqui alguns anos.
Para uma nação que se quer protagonista neste cenário mundial e com a legitimidade delegada pelos cidadãos mais confiantes em sua história em meio a uma cruzada contra a corrupção nunca vista em nossas terras, é fundamental que um Marco Aurélio brasiliensis surja.
Marcos Boldrin
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