Liderança prá que?

Compartilhe:

Liderança e gestão: coronel Boldrin é novo colaborador do Visão Notícias

A partir de agora, o tenente coronel Marcos Boldrin é o mais novo colaborador do portal Visão Notícias. Toda semana ele estará publicando artigo do seu blog que trata de assuntos relacionados a liderança e gestão, segurança pública, literatura e outras conversas.

Além de atual comandante do 9º Batalhão da PM em Marília, Marcos Boldrin é graduado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela Polícia Militar paulista e em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Marília; cursou especialização em Segurança Pública pela Universidade Estácio de Sá (RJ); e conquistou Mestrado profissional com a dissertação “Arquitetura e Prevenção do Crime: análise da relação entre crime e edificações na cidade de Marília/SP”.

Confira a chamada do primeiro artigo:

No tema Liderança é que alicerço a confiança de que é esta a maior capacidade humana de perpetuar nossas conquistas coletivas obtidas ao longo de milênios - e que não são poucas: liberdades individuais e de consciência, governos limitados por mecanismos de controle, estado democrático de direito etc -, combinadas a uma era de oportunidades e abundância sem precedentes.

Por outro lado, vivemos num tempo em que se acredita que haja o esvaziamento de líderes, uma questão que nos acompanha por toda nossa trajetória neste planeta. Será?

Tal dúvida se reaviva desde que o primeiro humanoide levantou-se e caminhou pelas planícies da atual Tanzânia, há milhares de anos – momento em que se estabeleceu o nosso primeiro diferencial competitivo nitidamente humano: a visão de campo, garantindo uma nova perspectiva de mundo que lhe permitiu ver além dos demais.

Na sequência, há cerca de meros 5 mil anos, com a hegemonia da sociedade agrícola, surgiram a necessidade de fixação num espaço territorial geográfico definido, como garantia de alimento constante e, por consequência, da necessidade de formas de organização social em estratos compostos por especialistas na arte do plantio (primitiva do que hoje conhecemos como “governo”), além da proteção contra eventuais ataques, saques, proteção esta também carente de certa organização por alguém que mantivesse a ordem e a disciplina.

Eis, aqui, o primeiro fundamento histórico da liderança: ela, a liderança, só é plenamente possível em ambientes onde haja organização e em que uma coletividade a queira e a entenda como necessária.

Evoluímos e, conosco, o Estado e as instituições públicas e privadas, tornando-se imensos. Justamente neste ponto é que o sentimento de esvaziamento da capacidade de liderar aumentou: trata-se de uma percepção real de que, por mais líderes que tenhamos – e, creia-me, são abundantes -, eles não são suficientes para suprir as diversas comunidades em expansão. Além disto, a perda de legitimidade das instituições se estabelece de tempos em tempos e nada mais importante do que alguém que – pessoa física ou jurídica – se imponha pelo exemplo e firmeza de caráter, prestando-se como condutor a novos mundos. Daí, um visionário.

Liderança, portanto, nos auxilia a construir novos mundos.

Distintamente e soando como um imperativo contemporâneo (que é o de um pessimismo disseminado em uma sociedade dominada por uma inequívoca percepção de que estamos num mundo extremamente competitivo, sem referências claras e cercado de gente com mentalidade negativamente cética, derrotista), o otimista, o ser otimista, constitui-se em um diferencial competitivo razoável pra quem quer estar na frente, promovendo maior qualidade de vida à sua volta: um otimismo positivo, afirmativo, longe do frenesi, do “uhuuu!” de que o aprendizado e a prática da liderança sejam um arrebatamento insano, uma animação esvaziada, uma empolgação oca e que, sabemos bem, não se perpetua no mundo real, que se torna mero modismo, e, pior, que pode, ainda, embalar fanatismos e comportamentos insensatos e lunáticos, dando, inclusive, azo para o surgimento de líderes negativos.

Assim, devemos ter claro que a liderança, se não conduzida com zelo, pode resolver um problema, mas criar outro - ou outros – justificando a imposição de controles para que um determinado líder não descambe à coerção.

Acredito piamente que é a capacidade de liderança que salva nossa coletividade, que faz com que o bem comum tenha vez: sou militar de uma instituição desencastelada dos quarteis e, portanto, presente no dia a dia das pessoas, próxima da realidade, do mundo real, e é a atuação dos Policiais Militares garantidora das mais marcantes ofensivas civilizadoras no seio das comunidades, impactando positiva e diretamente na tarefa de ensinar a garantir noções de cidadania às nossas crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.

Para ficarmos somente em um exemplo, há um programa internacional adotado pela Polícia Militar paulista que atua na pacificação preventiva junto a estes vulneráveis atores há anos, cuja boa parcela da energia moral provém dos próprios Policiais Militares, pelos seus exemplos, retidão e liderança.

Casos assim não são isolados, não são desconectados do universo: são comuns aqueles em que diretores e professores de escolas públicas em regiões degradadas ou mesmo líderes religiosos e suas congregações trabalham junto com a polícia e agências de serviço social para coibir a violência. Esforços como estes nos conduzem a um outro estágio do processo civilizador, com o aumento da legitimidade do Estado.

Isto não nasce de forma espontânea no seio das instituições. Nasce, sim, de espíritos sensíveis aos maiores problemas ou demandas; que saibam exatamente para onde tais questões irão confluir; que tenham a humildade em escutar quais as soluções plausíveis; que tenham a visão dos caminhos adequados e éticos que devemos trilhar; que possuam as habilidades pertinentes e que saibam se comunicar e influenciar, cativando e encantando espíritos; sempre amparados na firmeza de caráter; sendo percebidos como exemplos a serem seguidos e, por fim, que nos conduzam a outros novos mundos, que se transformam a todo instante. Isto, dentro de minhas vivências, só é possível quando presentes líderes fortes.

Daí é, pois, a conclusão enfática à questão inicial “vivemos num tempo em que se acredita que haja o esvaziamento de líderes?”. Não, pelo contrário: o que precisamos é suprir uma demanda crescente, fundada em forte convicção de que é no alicerce denominado “Liderança” que está a maior capacidade humana de assim perpetuarmos nossas maiores conquistas. Sem deixarmos de ser essencialmente humanos.

Marcos Boldrin

Visite nosso site, acessando este arquivo pelo link: http://marcosboldrin.com.br/index.php/2018/12/03/reflitamos-hoje/

Inscreva-se no canal no Youtube: https://www.youtube.com/user/MarcosBoldrin?sub_confirmation=1

Siga-nos pela Página @marcos.boldrin.oficial

ou no Twitter: @BOLDRIN

 

 

Receba nossas notícias no seu celular: Clique Aqui.
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288

Desenvolvido por StrikeOn.